Temer presta condolências à família de Helio Jaguaribe
O presidente Michel Temer prestou condolências à família do escritor, advogado, sociólogo e cientista político Helio Jaguaribe, que faleceu na noite de ontem (9), aos 95 anos, em sua casa no bairro de Copacabana (RJ), por falência múltipla de órgãos.
“O Brasil perde um de seus maiores cientistas políticos, o professor Helio Jaguaribe. Extraordinário pensador e homem de vasta cultura, soube entender e traduzir a realidade brasileira e internacional. Minhas condolências aos familiares e amigos”, disse Temer por meio de sua conta no Twitter, no início da tarde de hoje (10).
Por meio do Twitter, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), afirmou que Jaguaribe "pertenceu à estirpe dos intelectuais que se dedicaram a pensar o Brasil e o seu desenvolvimento". "Sonhou o sonho de uma grande nação, altiva e soberana. Em toda sua vida acadêmica e pública, jamais abdicou da crença num futuro próspero para o Brasil", disse.
Já a ex-candidata à presidência da República pelo PCdoB, Manuela D'ávilla, disse que que melhor homenagem a Hélio Jaguaribe é "que sua obra seja relembrada". Segundo ela, o sociólogo foi um "intelectual que dedicou sua vida a pensar o Brasil".
O corpo de Jaguaribe será velado na quarta-feira (12) na Sala dos Poetas Românticos, no Petit Trianon da ABL, a partir das 10h. O sepultamento está previsto para 15h do mesmo dia, no Mausoléu da Academia no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ele deixa a viúva Maria Lucia Charnaux Jaguaribe e cinco filhos: Anna, Roberto, Claudia, Beatriz e Isabel.
Referência intelectual e moral
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, também lamentou a morte do escritor, advogado, sociólogo e cientista político. Segundo ele, o país perdeu uma "referência intelectual e moral, que ajudou a pensar o Brasil moderno e democrático". Em nota divulgada pelo Itamaraty, Aloysio Nunes lembrou que Jaguaribe deixou o Brasil durante o regime de exceção, quando lecionou em alguns dos principais centros universitários dos Estados Unidos.
"O pensamento de Helio Jaguaribe confunde-se com a própria matriz da política externa brasileira universalista. O autor de 'O Nacionalismo na Atualidade Brasileira' e de tantos outros clássicos vislumbrou o surgimento de um Brasil desenvolvido e democrático, autônomo em suas decisões externas, respeitado internacionalmente e influente nos principais temas globais."
Para o chanceler, o legado de Jaguaribe permanecerá. "Tenho convicção de que as futuras gerações de políticos, diplomatas e intelectuais brasileiros continuarão a mirar-se no exemplo de nacionalismo moderno e sem medo do mundo que Helio Jaguaribe legou ao país. Sua clarividência, sofisticação intelectual e patriotismo seguirão nos inspirando."
Biografia
Nascido no Rio de Janeiro em 1923, Helio Jaguaribe se formou em direito pela Pontifícia Universidade Católica em 1946. Iniciou em 1952 um projeto de estudos, ao lado de outros jovens cientistas sociais, para reformular o entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp). No órgão, Jaguaribe foi secretário-geral e também diretor da revista Cadernos de Nosso Tempo.
Por iniciativa dele, foi constituído em 1956 o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), ligado ao Ministério da Educação, para promover altos estudos no campo das ciências sociais. Com o golpe militar de 1964, Jaguaribe foi lecionar nos Estados Unidos, ficando na Universidade de Harvard, de 1964 a 1966; na Universidade de Stanford, de 1966 a 1967 e no Massachusets Institute of Tecnology.(MIT), de 1968 a 1969. Retornou ao Brasil em 1969, quando ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes.
Foi decano do Instituto de Estudos Políticos e Sociais desde sua fundação, em 1979, até 2003, continuando as pesquisas ativamente como decano emérito. Recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, Alemanha (em 1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992); e da Universidade de Buenos Aires (em 2001). Recebeu também a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1996 e a Ordem do Mérito Cultural, em 1999.
Republicada para acrescentar manifestações de pesar.