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Política

Indicação de Moro para o Ministério da Justiça divide opiniões

Luiza Damé - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/11/2018 - 13:44
Brasília
BRA01. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 01/11/2018.- El juez Sergio Moro (i), responsable por la operación Lava Jato en primera instancia, es visto junto al futuro ministro de la Hacienda de Brasil, Paulo Guedes (d), en Río de Janeiro (Brasil) hoy,
© EFE/Antonio Lacerda/ direitos reservados

A confirmação do juiz federal Sergio Moro para comandar o Ministério da Justiça e Segurança gerou reações distintas. Nesta quinta-feira (1º), Moro aceitou o convite feito pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro. Enquanto aliados do presidente eleito elogiaram a escolha, a oposição criticou. "Sem dúvida alguma, a sua posição à frente do ministério vai resgatar cada vez mais a esperança do povo brasileiro", disse o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), eleito governador de Goiás, no primeiro turno.

Em vídeo publicado nas mídias sociais, Caiado se dirigiu diretamente ao presidente eleito, enaltecendo a sensibilidade de Bolsonaro ao escolher "um homem do quilate, da competência e da capacidade de Sergio Moro para combater a corrupção em nosso país".

Caiado finalizou a breve fala colocando-se à disposição para trabalhar em sintonia com o futuro governo: "Contem com Goiás para poder dar dignidade a toda esta nação e fazer a política com altivez."

Para o deputado Daniel Coelho (PPS-PE), a escolha segue o anseio da população de combate no que se refere ao combate à corrupção e representa o fortalecimento da Operação Lava Jato. "A gente sabia que teria chiadeira da velha política para a indicação de Moro, mas, pelo trabalho que ele fez e pelo desejo do povo brasileiro de combater a corrupção, sem nenhuma dúvida é uma grande escolha”, disse o deputado em vídeo postado nas mídias sociais.

Após elogiar a escolha de Moro, Coelho disse que o PPS terá posição crítica em relação ao futuro governo e criticou a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

Politização

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, manifestou-se no Twitter, primeiro em tom irônico, quando Moro estava reunido com Bolsonaro, depois atacando a decisão do juiz federal. “Moro será ministro de Bolsonaro depois de ser decisivo para sua eleição, ao impedir Lula de concorrer”, escreveu a senadora.

Segundo Gleisi, o PT “denunciou a politização” das decisões de Moro, no episódio do grampo da ex-presidente Dilma Rousseff em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no vazamento da delação do ex-ministro Antônio Palocci, nas vésperas do primeiro turno. “Ajudou a eleger, vai ajudar a governar”, afirmou.

Antes da confirmação de Moro, Gleisi criticou o encontro dos dois, lembrando que Bolsonaro afirmou que “Lula vai apodrecer na cadeia" e queria "exterminar os vermelhos”. “Viva juízes isentos como Moro e presidentes democráticos como Bolsonaro”, finalizou.

Ajufe

Em nota à imprensa, o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Fernando Mendes, manifestou apoio a Moro na nova função. “Sergio Moro sempre foi um juiz federal exemplar e que muito contribuiu para o fortalecimento da Justiça Federal”, disse.

“Competência profissional e dignidade pessoal não lhe faltam para exercer as maiores funções em nossa República”, completou o juiz federal Marcelo Bretas.

Peritos criminais

A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) também comemorou a indicação de Moro. “Esperamos que o novo ministério, sob a chefia de Sergio Moro, possa avançar em medidas concretas necessárias para o enfrentamento do crime organizado, buscando minar o sistema financeiro das organizações criminosas, fortalecer ações de inteligência de combate ao crime organizado e criar centros integrados de ferramentas e de expertise nessa área”, disse o presidente da associação, Marcos Camargo, em nota.

Delegados

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) diz que Moro está credenciado para a função pela carreira “brilhante e atuação notável na Operação Lava Jato”.

“Ao aceitar o desafio de chefiar um reformulado Ministério da Justiça, Moro terá a oportunidade de fazer no âmbito do Poder Executivo aquilo que mais demonstrou ao longo da atuação no Poder Judiciário: combater, de forma efetiva, o crime organizado e a corrupção endêmica no Brasil”, diz a entidade, em nota.

 

*Texto ampliado às 17h