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Política

Três senadores retiram candidatura; eleição tem seis concorrentes

Alex Rodrigues e Marcelo Brandão - Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 02/02/2019 - 14:47
Brasília

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) anunciou a retirada de sua candidatura avulsa à Presidência da Casa e declarou voto em Davi Alcolumbre (DEM-AP). Pouco antes, Alvaro Dias (Pode-PR) e Major Olímpio (PSL-SP) também tinha retirado seu nome da disputa ao principal cargo da Casa.

Com isso, seis senadores permanecem almejando à Presidência do Senado: Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Espiridião Amin (PP-SC), Fernando Collor (Pros-AL), Renan Calheiros (MDB-AL), Reguffe (sem partido-DF).

Brasília - Senadora Simone Tebet durante sessão do impeachment no Senado, conduzida pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski  (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Senadora Simone Tebet retira candidatura avulsa à Presidência da Casa  - Antonio Cruz/Arquivo Agência Brasil

"Para mim, o mais importante é recuperarmos a credibilidade desta Casa perante a sociedade brasileira, que clama por renovação e alternância de poder. Quero dizer que não tenho problema nenhum em declinar da minha candidatura a favor do senador Davi Alcolumbre, como fez o senador Álvaro Dias, como fez o senador Major Olímpio, porque nós estamos unidos na nossa diferença. Declino da minha candidatura avulsa já declarando voto para o senador Davi Alcolumbre", disse Simone.

O próprio senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) havia pedido o “gesto de confiança” de Simone a fim de tentar construir uma candidatura com chances de derrotar o também candidato à presidência da Casa, Renan Calheiros (MDB-AL).

“Vossa Excelência poderia estar aqui [na Presidência da Casa], senadora. Seria uma honra, mas não conseguiu apoio dentro da sua bancada. Por isso, peço uma oportunidade. Peço para você: acredite. Faça um gesto. O Brasil te respeita pela coragem”, reforçou Alcolumbre. 

Alcolumbre prometeu, se eleito, ampliar a transparência dos atos legislativos e de todos os fatos envolvendo o Senado. “O Senado deve se balizar pelos pilares da independência, transparência, austeridade e protagonismo. Os desafios do atual momento brasileiro são imensos. Por um lado, a complexa crise fiscal exige reformas urgentes a fim de corrigirmos as distorções. Por outro, é preciso reverter a profunda crise política que minou a confiança nos políticos”, disse Alcolumbre, acrescentando que o povo clama por um novo modelo de fazer político. “Mais igualitário, mais democrático e com ampla participação cidadão”.

Já o senador Espiridião Amin fez questão de manter sua candidatura como um exercício democrático. “O Brasil merece que Reguffe, que Alvaro Dias e outros sejam candidatos. Não vamos aceitar o discurso de que, ao disputar, estamos favorecendo a candidatura de Renan Calheiros. Isso é reducionismo”, ponderou Amin, afirmando sentir-se qualificado para “participar do esforço coletivo de tirar do chão a política e, especialmente, o Parlamento”.

Propostas

O candidato Reguffe (sem partido-DF) apresentou suas propostas para a presidência do Senado, como a redução do número de assessores, o fim do plano de saúde vitalícia e aposentadoria especial de parlamentares. “Todas essas medidas eu tomei no meu gabinete a partir do primeiro dia de mandato, em caráter irrevogável”, disse, lembrando que as medidas geraram uma economia direta de 16,7  milhões. Refuffe disse que o Senado não pode ser um “puxadinho” do poder executivo, e nem um instrumento de barganha, ou um obstáculo para o desenvolvimento do país. “Todas as propostas colocadas devem ser votadas aqui, seguindo o rito legal e sem atropelos”. Ele também garantiu que irá pautar a votação das reformas política e tributárias.

O senador Ângelo Coronel (PSD-BA) também defendeu a aprovação de reformas e a igualdade entre senadores para relatoria de matérias importantes. “Temos que acabar com o alto e o baixo clero, todos têm que ser tratados com igualdade”. Ele também propôs a instituição de um colégio de líderes, para evitar a concentração de poder, e a votação de propostas apresentadas pelos próprios senadores. “Precisamos produzir para mostrar a sociedade brasileira que o Senado não pode ser uma casa homologadora”

Fernando Collor (Pros-AL) defendeu reformas e criticou a judicialização da política. Para ele, é preciso rever o pacto federativo para que estados e municípios “deixem de ser humilhados”. “A sociedade exige uma nova visão da classe política e o cargo exige um líder com experiência comprovada”, disse.

Renan Calheiros

O senador Renan Calheiros fez um discurso longo e iniciou dizendo nunca ter “enxergado o poder como um fim em si mesmo”. O emedebista afirmou que o baixo índice de reeleição ao Senado na campanha de 2018 “dizimou” a casa. “Tivemos uma hecatombe”, afirmou. E, segundo ele, é necessário alguém para reerguê-la. Renan prometeu criar uma Secretaria Especial de Assuntos Constitucionais, de caráter consultivo, para impedir a tramitação de projetos que sejam considerados contrários à Constituição.

Renan tornou pública a conversa que teve com o presidente Jair Bolsonaro, ainda hospitalizado em São Paulo. “Ele me ligou, ainda abatido pela recuperação, e disse ‘quero agradecer pela postagem que você fez desejando uma rápida recuperação. Eu ainda estou no hospital e estarei na quarta-feira em Brasília para a gente conversar’’’. Em seguida, o senador afirmou que a ligação foi vazada para a imprensa para, segundo ele, “esvaziar o simbolismo daquele telefonema e para que o presidente ligasse também para os outros postulantes”.

Renan defendeu a reforma da Previdência, principal pauta do governo federal neste primeiro semestre. “É evidente que chegou a hora de reformar a nossa Previdência. Uma reforma que tenha como princípio o combate ao privilégio que faz esse país andar para trás”.

 

*Matéria ampliada às 16h19