Clubes de futebol do Rio de Janeiro vão retomar as atividades de fisioterapia e reabilitação muscular dos atletas mas, por enquanto, sem treinos coletivos. As informações foram divulgadas depois de uma reunião, neste domingo (24), entre o prefeito Marcelo Crivella e dirigentes da Federação de Futebol, a Ferj, e de 14 clubes da série A do campeonato estadual. O Fluminense e o Botafogo, no entanto, optaram por não participar do encontro e mantêm a postura de não retomar atividades nesse momento.
Segundo a prefeitura, ficou estabelecido que os clubes adotarão o protocolo de segurança contra o coronavírus e uma data para volta das partidas sem torcida será estudada em novas reuniões. Crivella prometeu levar a questão ao comitê científico que assessora a prefeitura na definição de medidas relativas à crise sanitária.
A FERJ também divulgou uma nota sobre o encontro,, destacando que o protocolo chamado de Jogo Seguro de retorno aos treinamentos, elaborado pela equipe médica da federação, foi classificado na reunião como irrepreensível. A federação aposta ainda na volta das partidas sem torcida em meados de junho e afirma que até lá os clubes devem progredir passo a passo com fase de avaliação clínica, testes físicos, exercícios de reabilitação dos efeitos da inatividade muscular e atividades de recuperação da capacidade laborativa dos atletas.
A projeção da FERJ, no entanto, esbarra no posicionamento de dois dos grandes clubes do Rio. O Fluminense divulgou uma nota sobre a ausência na reunião afirmando que não recebeu convite formal da prefeitura do Rio e apenas uma comunicação via whatsapp da própria FERJ sem informações sobre os temas que seriam tratados.
Dessa forma, o clube disse que preferiu ficar apenas em observação e que mantem a decisão de somente voltar ao futebol quando as autoridades de saúde emitirem parecer respaldado pela comunidade científica autorizando a volta dos treinos presenciais e jogos, com indicações claras de procedimentos e normas. O Fluminense reafirma ainda seu respeito à independência das decisões tomadas por outros clubes e pontua que se coloca, de forma solidária, à disposição para os debates em torno do tema, desde que se deem no ambiente da ciência.
Em um tom ainda mais incisivo contra qualquer retorno de atividades nesse momento, o presidente do Botafogo, Nelson Mufarrej, afirmou, pelas redes sociais, que a posição do clube sobre o tema é cristalina e que seria desnecessário e até incoerente expor a diretoria aos riscos de participar da reunião. Ele reafirmou que o clube considera não ser o momento de retorno dos treinos presenciais e que o futebol é um instrumento de altíssimo impacto e repercussão social e que passar essa imagem no auge da crise, de aumento de mortes, é estar em desconexão com a realidade. Segundo o presidente, seria desumano com os atletas, comissão técnica e familiares qualquer retorno, e que o papel do clube é direcionar a consciência coletiva no sentido de que o momento é de ficar em casa.