Sem o recurso da imagem dificilmente alguém poderia suspeitar aonde está música está sendo executada. Foi ao som desse ritmo que dançarinos vestindo shorts, camisetas e bonés se tornaram, neste domingo, a principal atração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Os jovens da companhia Na Batalha apresentaram um estilo de dança conhecido como "Passinho do Menor da Favela", que mistura movimentos de diferentes ritmos como o funk, o samba, o frevo e o hip hop.
Não foi à toa que artistas e produtores culturais apostaram que o evento vai entrar para a história do teatro municipal, como um marco da mudança na relação entre a produção cultural das comunidades cariocas e a principal casa de espetáculos do Brasil.
O co-diretor do Festival Rio Hip Hop Kemp, Miguel Colker, acredita que no futuro o evento vai ser lembrado como um divisor de águas.
Um dos idealizadores da batalha do passinho, o escrito Júlio Ludemir, comparou o evento a outros marcos históricos da participação da cultura negra no Theatro Municipal. Um momento em que o Passinho além de ser assimilado como cultura, passa a mostrar o seu valor como arte.
No mesmo bairro de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, aonde a cantora Clementina de Jesus teve a sua iniciação musical, nasceu também nos bailes funk, a batalha do passinho. Esse novo estilo trouxe ao palco do Theatro Municipal, a jovem Marcelly de Mello, de 17 anos, a Marcelly Miss Passista, única mulher a participar da apresentação.
O jovem Diego Santos, de 23 anos, o DG Fabulloso, comemorou a oportunidade de subir ao palco do mesmo teatro aonde foi barrado, em outro espetáculo. Mas contou que antes de chegar ao Theatro Municipal ainda passou por uma revista.
Como o mesmo visual que DG foi revistado pela Polícia Militar, ele foi aplaudido de pé pelo público do teatro. A apresentação da Cia de Dança Na Batalha fez parte do projeto Trajetórias do Theatro Municipal e também integra o Festival Rio Hip Hop Kemp.