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Cultura

Na Trilha da História: Maio de 68, o clamor da juventude pela transformação de ideias e costumes

Na Trilha da História
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Apresentação Isabela Azevedo
26/05/2018 - 07:04
Brasília

Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando mais uma versão reduzida do Na Trilha da História! Hoje, nosso tema é 1968, um ano emblemático para o mundo.

 

Nosso entrevistado é o historiador Daniel Aarão Reis, doutor em história pela Universidade de São Paulo, professor de história contemporânea na Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de vários livros sobre movimentos sociais, ditaduras e revoluções.

 

 

Ele nos conta que 1968 foi um ano revolucionário e de choque de gerações. Os jovens queriam mudar o mundo, não pela violência das armas, mas pela transformação das ideias.

 

 

Sonora: “Nos anos 60, e em 68 especialmente, surgiu com muita força um paradigma de mudança social que investia na mudança das consciências, que investia em conquistas progressivas de direitos. Esse modelo é muito diferente pelo modelo instaurado pelas revoluções russas, que foi um modelo baseado na história de uma revolução violenta para tomar o poder central e empreender mudanças."

 

 

Na França, os estudantes reivindicavam mais liberdade sexual. Queriam que as moças pudessem frequentar os alojamentos dos rapazes e que eles também pudessem visitar os quartos delas. Esse foi o gatilho para o famoso Maio de 68.

 

 

Sonora: “O processo tem início numa reivindicação de alteração de costumes. Os estudantes não queriam tomar o poder pela violência, mas alterar radicalmente os padrões que organizavam os costumes."

 

 

O movimento estudantil que havia começado na Universidade de Nanterre, próximo à Paris, se deslocou para o coração da capital, na Universidade de Sorbonne. Foram montadas barricadas e houve choque com a polícia.

 

 

Sonora: “Esses estudantes vão enfrentar uma grande repressão, uma grande intolerância. Mas para além de numerosos feridos, tanto entre os estudantes quanto as forças policiais, não houve quase registro de mortes. E aí explode, em um mês, grandes lutas sociais em que os estudantes reivindicam mudanças sociais. Aparecem aquelas frases 'é proibido proibir', 'todo poder à imaginação'".

 

 

Do outro lado do Atlântico, os norte-americanos assistiam pela TV os horrores da Guerra do Vietnã, considerado um dos episódios mais sangrentos e sem propósitos da história do século XX.

 

 

Sonora: “Iniciou-se a partir de 1960 uma guerra de guerrilhas, e essa guerra foi num crescendo. Os Estados Unidos não queriam saber da derrota desse governo no sul do Vietnã e deslocaram para o Vietnã um grande número de expedicionários."

 

 

A carnificina era transmitida pela TV e provocava repulsa nos norte-americanos, que não sabiam exatamente por que estavam em guerra contra o Vietnã.

 

 

Sonora: “Então, entre a juventude americana começou uma luta muito grande contra aquela guerra e sobretudo entre os jovens negros porque eles iam para o Vietnã para lutar pela liberdade, essa era a bandeira que se esgrimia, a bandeira contra o comunismo, mas não tinham liberdade no seu próprio país. Eles eram discriminados, não tinham direitos."

 


1968 também foi um baque para a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. O alvo foi Martin Luther King, grande líder de protestos pacíficos pelos direitos dos negros. O homem que havia ganhado o prêmio Nobel da Paz e tinha um sonho de que as pessoas não seriam mais julgadas pela cor da pele e, sim, pelo caráter, foi assassinado em 4 de abril daquele ano.

 

 

Sonora: “Foi um trauma muito forte, mas isso não levou a um desânimo. Houve um conjunto de insurreições locais, indignadas com aquilo, mas isso não impediu que se afirmasse uma linha negra muito forte de conquistas de direitos, que é o legado de Martin Luther King."

 

Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História! O episódio completo tem 55 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o historiador Daniel Aarão Reis, músicas que têm tudo a ver com o ano de 1968. Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. E se você quiser mandar uma mensagem pra gente, nosso e-mail culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!

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