Há 10 anos como Patrimônio Cultural, capoeiristas cobram acesso a incentivos
Há 10 anos a capoeira tornava-se Patrimônio Cultural Brasileiro, mas até hoje antigos mestres ainda encontram dificuldades em acessar incentivos.
Em 2014, a prática foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da humanidade pela Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Estima-se que o Brasil exportou a capoeira para 150 países.
A capoeira surgiu quando o Brasil ainda era uma colônia de Portugal, nas lavouras entre os escravos trazidos do continente Africano. A prática nasceu da luta pela liberdade. É o que explica o professor de Educação da Universidade Federal do Recôncavo Bahiano, Gean Adriano Barros da Silva, que também é mestre de capoeira.
Com o fim da escravidão e o surgimento da primeira República, em 1889, a capoeira tornou-se crime previsto no Código Penal, descrito como vadiagem. O professor do recôncavo baiano explica que somente com o presidente Getúlio Vargas, em 1937, é que a prática foi legalizada.
Atualmente, na periferia de Salvador, no bairro de Castelo Branco, o mestre U ou Wesley Carvalho Filho, de 34 anos, gerencia uma academia com cerca de mil alunos espalhados entre os Estados da Bahia e de Sergipe. Ele conta que aprendeu a capoeira com o avó e começou cedo, logo aos 2 anos. Para o mestre U, capoeira é transformação social.
Desde que se tornou patrimônio cultural, título dado em 2008 pelo Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a capoeira é alvo de politicas públicas para estimular e promover a prática. Mas para o Mestre U, pouca coisa mudou com o título.
O Iphan reconhece que os mestres que não tiveram educação formal têm dificuldades em receber recursos de editais.
O Instituto gerencia, em cada estado, a criação dos Planos de Salvaguarda da Capoeira, que definem as políticas públicas para promoção da cultura. Representante do Iphan, Clair Júnior explica que há regiões mais avançadas na produção dos planos.
O professor da Universidade Federal do Recôncavo Bahiano, Gean Adriano Barros da Silva, acredita que a política pública não está chegando a toda comunidade da capoeira.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, pede que os capoeiristas procurem as sedes estaduais do órgão e se filiem aos coletivos de capoeira para terem acesso a possíveis incentivos.
Com sonoplastia de Messias Mello.