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Cultura

Da era de ouro a festivais, Rádio Nacional é vitrine da música no país

Rádio Nacional segue abrindo espaço para novos artistas
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Beatriz Evaristo
06/04/2021 - 10:20
Brasília
Festival de Música Rádio Nacional FM
© Divulgação/Rádio Nacional

No passado e no presente, a música brasileira tem ocupado um lugar especial na programação da Nacional. Entre os anos 1940 e 1970, cantar nos auditórios da rádio era uma grande vitrine sonora para quem queria deslanchar na carreira artística. Para o pesquisador Rodrigo Faour, a Rádio Nacional conseguiu unificar a nação em certos usos e costumes, até mesmo determinando a rotina dos brasileiros com os horários de cada programa.

“Ela foi assim talvez até mais forte que a TV Globo passou a ser a partir dos anos 60. Ela conseguiu reunir um elenco de radioatores, humoristas, jornalistas e cantores invejável. Todo mundo dizia que ela nem pagava tão bem mas o prestígio que ela trazia fazia com que todas essas pessoas até tivessem trabalhos avulsos e, enfim, muito prestígio.”, diz. 

Foi o que aconteceu com a cantora da Era de Ouro, Marion Duarte. Mesmo sem ser contratada, foi no auditório da Rádio Nacional do Rio de Janeiro que a carreira ganhou força depois de se apresentar no Programa César de Alencar.

“E ali tudo começou, quer dizer, o meu sucesso, artisticamente falando, as portas se abriram com essa minha apresentação no programa do César de Alencar. Daí, eu comecei a frequentar sempre a Rádio Nacional, participando desses programas, até acreditaram que eu tivesse sido contratada pela emissora (...) Então, o meu grande sucesso da época de Ouro foi da Rádio Nacional. Sou muito grata e até hoje a Rádio Nacional vem me dando espaço para mostrar o meu trabalho, o meu cantar.”, diz. 

Filho do cantor José Ricardo, da jovem guarda, Luiz Murilo Tobias, que hoje cuida de uma fundação que preserva a memória dos artistas daquela época, conta como a emissora foi importante na trajetória do pai que era ouvinte da rádio desde criança.

"E depois que ele estourou com o primeiro LP dele, da Jovem Guarda, ele foi contratado da Rádio Nacional. Ele tinha até orgulho de falar que ele foi o único artista da Jovem Guarda a ser contratado pela Rádio Nacional.”, conta.  

Na opinião de Ricardo Cravo Albin, um dos maiores pesquisadores da Música Popular Brasileira, a Rádio Nacional teve uma contribuição inestimável para a música nacional logo após a sua criação.

“De imediato a Rádio Nacional mimoseou a música popular com até seis orquestras com maestros diversos, contratou o melhor elenco de cantores da época, absorveu os melhores compositores da época. E fez programas dedicados à MPB inestimáveis.”, diz. 

Quem mantém vivo na memória esse período é o apresentador Osmar Frazão. À frente do programa Histórias do Frazão, que vai ao ar aos sábados e domingos na Rádio Nacional, ele compartilha com os ouvintes o melhor da música da Era de Ouro do Rádio.

“Quando falo da Rádio Nacional, eu fico muito emocionado porque assisti quase tudo isso, assistindo até a inauguração do Programa César de Alencar, trazendo Emilinha Borba, Luiz Gonzaga, aqueles cantores famosíssimos. Então, é um trabalho hoje prazeroso que se faz mostrando às novas gerações o valor de uma emissora de rádio, o valor da música popular brasileira, o valor dos grandes nomes que saíram do Teatro Municipal e foram pra Rádio Nacional.”, diz. 

E a Rádio Nacional continua abrindo espaço para novos artistas. Desde 2009, o Festival de Música Nacional FM, de Brasília, que premia letras e arranjos de talentos nacionais, já recebeu inscrições de mais de quatro mil músicas.

 

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*Essa é a segunda reportagem da série especial sobre a Rádio Nacional, que estreia a transmissão do seu jornal na TV Brasil. Uma matéria será publicada por dia nesta semana, até sexta-feira (9).

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