Quem já assistiu ou ouviu alguma das apresentações dos grupos de Bumba Meu Boi do Maranhão está acostumado com a percussão das matracas. Esse instrumento de madeira constituído de duas tábuas, com tamanhos variados, que são tocadas batendo-se uma contra a outra pelos brincantes, chamados de macaqueiros, é fundamental para marcar o ritmo das toadas e das cantigas em alguns grupos de Bumba Meu Boi.
E na retomada dos festejos juninos no estado, programados para começar entre maio e julho deste ano, o Programa Trabalho com Dignidade promovido pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária está utilizando a cultura tradicional para promover a reinserção social de pessoas que cumprem pena no sistema prisional. Essas pessoas estão sendo capacitadas para produção de itens do artesanato regional, entre eles as matracas.
O professor Neto de Asile, diretor de patrimônio imaterial da Secretaria de Estado de Cultura do Maranhão comenta a iniciativa de usar a cultura tradicional como ferramenta de reinserção social: " A cultura é um instrumento de fortalecimento de laço identitários. Muitas vezes enfraquecidos ou totalmente destruídos pela pelo confinamento dentro dos sistemas, dentro das cadeias, dentro dos presídios."
Todos os instrumentos produzidos serão colocados à venda em um dos arraiais mais tradicionais da capital. O Ipem Calhau. Como destaca o administração penitenciária do Maranhão, Murilo Andrade: "Então lá teremos matracas para venda, teremos o pescador enfeitado de São João para venda, outros bonecos, outros artesanatos que a gente faz já rotineiramente no sistema prisional, todo para venda".
A ideia inicial era a produção de quinhentas matracas nas oficinas construídas dentro dos presídios do Maranhão. Mas agora a expectativa é que sejam confeccionadas até três mil ao longo do período junino.