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Cultura

Tem mulher no samba: a presença delas na criação do ritmo nacional

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Solimar Luz - Repórter da Rádio Nacional
08/03/2023 - 08:11
Rio de Janeiro

Elas sempre estiveram presentes nos terreiros, quadras e rodas de samba, quebraram barreiras e lutaram para tornar o ritmo um dos maiores espetáculos da cultura nacional.

E foi graças a uma mulher, Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, que o estilo floresceu e se consolidou no Rio de Janeiro.

Apesar do reconhecido trabalho de Tia Ciata e de tantas outras, a luta por protagonismo parece longe do fim. Basta um olhar atento às fichas técnica das escolas, para perceber que ainda são poucas as presidentes, carnavalescas, intérpretes e outras ocupantes de postos de destaque ou de concepção do desfile.

Para a jornalista e pesquisadora Bárbara Pereira, esses espaços ainda refletem o machismo existente na sociedade.

Entre as poucas mulheres que chegaram à presidência de uma escola no Grupo Especial do Rio está Elizabete Nunes, que presidiu a Acadêmicos do Salgueiro, entre 1986 e 1988. Além do legado na agremiação da zona norte carioca, Elizabeth deixou o samba como herança para a filha, a cantora e compositora Liesbeth Nunes, que mesmo com uma carreira consolidada, ainda luta para ter mais destaque na Avenida.

Mas, se assumir o microfone na avenida tem sido uma atividade predominantemente masculina, algumas mulheres vêm conquistando seu espaço.

Uma das precursoras é Tia Surica, que aos 26 anos, na Portela, interpretou o samba Memórias de um Sargento de Milícias.

E no desfile deste ano, a cantora Ludmilla brilhou ao lado de Neguinho, animando a Beija-Flor de Nilópolis.

Já Wic Tavares comandou os vocais da Unidos da Tijuca pelo segundo ano, ao lado do pai Wantuir. Mas uma outra atividade também carece de mulheres. E é esse espaço que vem sendo ocupado por Winnie Nicolau, a primeira carnavalesca negra do carnaval carioca, responsável pelo desfile da Pimpolhos da Grande Rio, escola mirim do carnaval do Rio.

“Desde que o samba é samba é assim”: mulheres ainda reivindicam presença nos papéis de protagonismo dos desfiles. São histórias de luta e resistência que vêm sendo escritas ao longo dos anos.

E para reforçar que elas não devem nada aos homens, depois de 22 anos, a Imperatriz Leopoldinense venceu a disputa neste carnaval sob o comando de uma mulher, a presidenta Cátia Drummond.

* Áudio atualizado às 11h10 de 08/03/2023.

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