O palco é a Praça da República, centro da capital paulista. Ao fundo o prédio de uma das primeiras escolas da cidade, hoje a sede da secretaria estadual de educação. De um lado, a unidade móvel do Bom Prato, serviço da prefeitura que oferece refeições a 1 real. Do outro, as tendas da Operação Baixas Temperaturas, com cobertores para as pessoas em situação de rua enfrentarem o inverno paulistano.
No centro da praça, cercada por uma plateia acomodada em cadeiras de praia, duas mulheres na casa dos 80 anos falando sobre educação popular, religiosidade, feminismo, liberdade… Ivone Gebara e Maria Valéria Rezende são freiras da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora e trazem uma experiência de religiosidade e educação que foge a qualquer tipo de esterótipo.
O encontro foi organizado pelo grupo de teatro Companhia do Tijolo. Que em 2021, no centenário de Paulo Freire, iniciou um ciclo de atividades para celebrar o patrono da educação. A aula das duas religiosas, educadoras, pensadoras e escritoras encerrou esse ciclo. Karen Menatti atriz e integrante da companhia explicou porque Ivone e Valéria foram as protagonistas do ato.
O encontro também foi a abertura de uma nova etapa. Em setembro a companhia estreia peça nova: o Vôo da Guará Vermelha. Baseada no livro homônimo de Valéria. O livro conta a história de Rosálio e Irene. Ele, um pedreiro que anda pelo Brasil com uma caixa de livros que não consegue ler por ser analfabeto. Ela, uma prostituta com aids que sabe eler e escrever… Mas é melhor deixar a própria Valéria falar sobre os sentidos desse encontro.
Ivone também é educadora, mas o foco dela é filosofia e teologia e propõe uma leitura bíblica baseada na ética e contra as opressões.
Para ela, a aula no meio da praça foi uma experiência nova.
Bom… nós pedimos ao Paulo Henrique uma avaliação sobre o que viu e ouviu. Desempregado, ele deixou a fila do restaurante popular para assistir a aula.
A peça o Vôo da Guará Vermelha estreia no dia 29 de setembro, no SESC da Avenida Paulista.
