Retrospectiva 2023: ano teve adeus a Rita Lee e recriação do MinC
A recriação do Ministério da Cultura, um líder e escritor indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras, a morte da rainha do rock no Brasil e a indicação para o Oscar de um filme brasileiro que declara todo o seu amor aos cinemas do Recife Antigo. O ano de 2023 para a cultura brasileira foi agitado e repleto de desafios para toda a rede de artistas e produtores culturais do país.
Há exatamente um ano, a cantora e compositora baiana Margareth Menezes tomava posse como ministra da Cultura. A chegada da primeira mulher negra ao cargo número um do Ministério da Cultura desde março de 1985, data em que o Ministério foi criado, também marcou a recriação do MinC, extinto na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para a pesquisadora e produtora cultural Inti Queiroz, 2023 foi importante para a reconstrução das políticas culturais no setor público do país. Ela aponta o fortalecimento das leis de incentivo da Política Nacional Aldir Blanc e da Lei Paulo Gustavo como um ponto decisivo para a garantia de recursos destinados aos fazedores de cultura nos estados e municípios brasileiros.
Dois mil e vinte e três também foi um ano de reconhecimento da sabedoria, do poder de realização e da diversidade dos artistas brasileiros. A 35ª Bienal de Arte de São Paulo reuniu 121 artistas durante quatro meses no Pavilhão do Ibirapuera, em São Paulo, para coreografar o impossível. Trouxe aos olhos do público, desde as pinturas encantadas dos artistas do povo Huni Kuin, do Acre, aos cânticos afro-brasileiros do cantor e compositor Tiganá Santana. Na literatura, o escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak foi eleito para a cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras. Em dezembro, foi a vez da escritora Conceição Evaristo receber o título de doutora honoris causa da Universidade Federal do Paraná. Na música, destaque para Gaby Amarantos. A cantora paraense arrebatou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa.
Dois mil e vinte e três levou também grandes astros da nossa música brasileira. A rainha do rock, Rita Lee, se foi em maio, aos 75 anos. Em julho, foi a vez do pianista e compositor João Donato, nos deixar aos 88 anos, para tocar em outro plano seus acordes cheios de swing amazônico. Um dos ícones da bossa nova, Carlos Lyra partiu mês passado, aos 90.
O teatro brasileiro ficou mais triste com a morte do diretor, ator e dramaturgo Zé Celso Martinez, criador do Teatro Oficina.
A chegada do novo ano anuncia também fôlego renovado para quem produz cultura nas cinco regiões do país. O filme Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, foi o escolhido pelo Brasil para disputar uma vaga no Oscar 2024 na categoria de Melhor Filme Internacional. O diretor pernambucano de Som ao Redor, Aquarius e Bacurau, faz em Retratos Fantasmas uma declaração de amor aos cinemas do Recife Antigo. Não por acaso, a cerimônia do Oscar 2024 acontece um mês depois do carnaval.