logo Radioagência Nacional
Cultura

Iluminação cênica marca desfiles na Sapucaí

Baixar
Priscila Thereso - Repórter da Rádio Nacional
19/02/2024 - 11:08
Rio de Janeiro

Desde a inauguração do Sambódromo, há 40 anos, as escolas de samba apostam em novidades para manter o espetáculo cada vez mais impactante! Em 2024, o recurso da iluminação cênica na Marquês de Sapucaí foi a inovação que marcou os desfiles.

O novo sistema de luz já estava na mira dos carnavalescos desde o ano passado, mas era visto com certa resistência, até que, neste carnaval, com a adesão de mais escolas, o recurso deu show na avenida.  

O carnavalesco Tarcísio Zanon, da Viradouro, escola campeã deste ano, acredita que a iluminação é mais uma ferramenta que a escola tem para a construção da magia do espetáculo.

“Hoje, com essa nova implantação, a gente consegue trazer uma alma para o momento que a gente quer contar. Eu sou da opinião de que a luz pode agregar à arte do fazer carnaval na escola de samba. Ela não pode descaracterizar o que já é construído há muito tempo. O carnaval não é uma parada iluminada. O carnaval é uma arte popular que prevê o brilho, o volume, o exagero, o glamour, a beleza. É a fantasia. Então, o detalhismo que existe no carnaval precisa ser visto".   

Já o historiador e escritor Luiz Antônio Simas, especialista em carnaval, considera o recurso bom, mas alerta que precisa ser usado com cuidado.  

 “O uso da iluminação cênica pode ser definido na base da frase famosa ‘o remédio e o veneno moram na mesma folha’, que aliás é da tradição da cultura dos orixás, é um oriki, uma sentença poética de Ossain. O problema não é a iluminação cênica e a salvação não é a iluminação cênica. É a maneira como utilizar.”   

Como exemplo de uso adequado da iluminação cênica, Simas citou a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio.   

“Fez um desfile exuberante, e a iluminação foi crucial para aquele desfile, e ela se conectava com o samba quando dizia ‘Trovejou, escureceu’. Ali tivemos um uso de excelência da iluminação como elemento do conjunto cênico da escola de samba”.  

Fábio Fabato, jornalista, historiador e autor da sinopse do enredo “Pede caju que dou, pede caju que dá”, que a Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou na avenida, é favorável à iluminação cênica, mas ressalta que não pode ser usada aleatoriamente...  

“O recurso da luz é importante, ele agrega valor ao espetáculo, mas não pode comprometer quesitos. A meu ver, a luz precisa ser muito pensada, de modo que aja ao agregar ao espetáculo, sem que fira a forma de olhar fantasias, alegorias, sem que manche os quesitos em julgamento, mas, sem dúvida, é um elemento a mais cênico que entrega valor ao produto e pode ser sempre muito bem utilizado daqui para frente”. 

A iluminação cênica, que neste ano chamou tanta atenção no Grupo Especial, tem por trás um sistema com 570 refletores, sendo 510 diretamente voltados para a pista de desfiles; três movings light, que projetam luzes coloridas sobre qualquer elemento na avenida e mais três refletores de led do tipo RGBW. Conta ainda com uma infraestrutura de 24 quilômetros de fibra óptica e 14 câmeras de visualização na sala de controle instalada no setor 10 do Sambódromo. 

Segundo a Rioluz, o local tem duas mesas de controle operadas por técnicos especialistas em operações de grandes shows, como o do cantor Paul McCartney e do grupo Coldplay.  

A sala foi projetada pela Parceria Público-Privada de iluminação pública da Prefeitura do Rio de Janeiro, entre a Rioluz e a subconcessionária Smart Luz. O presidente da Rioluz, Eduardo Feital, afirma que os desfiles foram elevados a um patamar diferente com o novo recurso tecnológico 

“Realmente neste carnaval vimos que a iluminação cênica foi um show à parte na Sapucaí, elevando para outro patamar os desfiles das escolas de samba. Foi muito bacana ver as luzes e o público aplaudindo. No ano passado os carnavalescos ainda tinham um pouco de receio de usar essa tecnologia, mas as escolas que ousaram em utilizar este recurso tiraram 10 no quesito Comissão de Frente”.

A Rioluz informou que o investimento na tecnologia, que integra os projetos especiais do contrato da Parceria Público-Privada, ficou em R$ 18 milhões. 

*Com informações da Agência Brasil

x