Quando Ogan Bangbala canta em iorubá e suas mãos puxam firmes o toque dos atabaques, 105 anos de vida, 98 deles dedicados ao axé, tomam conta do terreiro. Luiz Ângelo da Silva, batizado no candomblé como Ogan Bangbala, é o mais antigo Ogan vivo e em atividade no Brasil.
A partir deste sábado, Bangbala é o personagem principal da exposição que vai ser aberta no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Com o nome Vida na Fé – Matriz Africana , a exposição homenageia o mestre centenário, nascido em Salvador e que vive há mais de 70 anos na Baixada Fluminense.
Com a sabedoria de cânticos ancestrais, mitos e saberes, Ogan Bangbala continua a cantar e a tocar para o sagrado. Os sons que saem dos seus atabaques e agogôs permanecem saudando os orixás em seu terreiro no bairro de Shangri-lá, em Belfort Roxo.
Quem explica melhor o que é um ogan, para a tradição dos povos de terreiro, é a yalorixá Adriana Sodré, mais conhecida como Yá Adriana de Omolu.
Quem visitar, a partir deste sábado, o Centro Cultural dos Correios, no centro do Rio, vai poder conhecer mais da vida de Ogan Bangbala. Diretor do Afoxé Filhos de Gandhy, nos tempos em que ainda vivia em Salvador, Bangbala continua sendo um exímio artesão de instrumentos de percussão como o atabaque e o xequerê –feito por uma cabaça forrada de contas coloridas.
A historiadora Elaine Marcelina divide a curadoria da exposição com o babalorixá Anderson Bangbose. Ela fala da importância de Ogan Bangbala para a história das religiões de matrizes africanas no Brasil
Aos 105 anos, Ogan Bangbala permanece sendo uma referência de sabedoria viva sobre os mistérios dos toques e dos cantos dos povos de terreiro no país.
A exposição fica aberta ao público, no Centro Cultural dos Correios, no Rio, até 28 de setembro. A entrada é gratuita.