Festa do Senhor do Bonfim: 280 anos de uma tradição de fé e união
Do Comércio até o bairro do Bonfim: seis quilômetros de um caminho trilhado pela fé. Milhares de baianos e visitantes percorreram as ruas de Salvador, nesta quinta-feira (16), para celebrar um dos maiores eventos religiosos e culturais do Brasil: a tradicional Lavagem do Bonfim.
O cortejo saiu da Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia, até a Colina Sagrada, onde fica a Igreja do Senhor do Bonfim. A chegada da imagem do Senhor do Bonfim foi marcada por muita emoção.
O festejo marcou os 280 anos da chegada da imagem do Senhor do Bonfim à primeira capital do país, Salvador. Cristo crucificado é o protagonista da festa, que recebeu não somente católicos, mas também seguidores de religiões de matrizes africanas: uma mistura do mais belo sincretismo religioso. A Ialorixá, Leila Ferreira, considera o 16 de janeiro uma data “sublime”.
"O Senhor do Bonfim, no candomblé, é Oxalá. É nosso Pai Maior, nosso Supremo, Olorum. A gente só faz tudo com a permissão dele, que significa Deus. Tô aqui para agradecer pela minha saúde, pela minha família, muita paz, amor no coração da humanidade, que cada um respeite e ame um ao outro".
Aos 74 anos, Dona Elisabete, baiana de acarajé aposentada, fez questão de ir às comemorações que participa há 40 anos. Ao Senhor do Bonfim, ela agradece pela saúde.
"Eu tenho fé em Deus e nele também. Pelo intermédio dele eu tô aguentando andar, né? Eu trago paz, amor, que todo mundo tenha prosperidade e saúde, né?"
Segundo a prefeitura de Salvador, a festa deste ano teve recorde no número de entidades culturais que participaram: foram 79, entre grupos percussivos, grupos carnavalescos e blocos afro, como o Afoxé Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, e Muzenza.
E a para quem gosta de corrida de rua, foi possível unir o esporte à fé. No mesmo percurso de seis quilômetros, 1.500 pessoas participaram da Corrida Sagrada, promovida pela Federação Bahiana de Atletismo.