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Cultura

Imperatriz Leopoldinense leva para a Sapucaí a saga de Oxalá

Em 50 anos, esse é o primeiro enredo de matriz africana da escola
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Caio Azevedo - Estagiário da Rádio Nacional*
25/02/2025 - 12:30
Rio de Janeiro
Brasília-DF- 21/02/2025 ARTE / SÉRIE CARNAVAL. série sobre escolas de samba. Crédito/ Editoria de arte.
© Crédito/ Editoria de arte.

A Imperatriz Leopoldinense promete levar a Marquês de Sapucaí ao reino de Oxalá, em Ifón, no continente africano. Mais especificamente ao dia em que ele, que é considerado o pai de todos os Orixás das religiões de matriz africana, decidiu sair de seu trono para ir ao reino de Oyó visitar Xangô, o Senhor da Justiça.

Antes de colocar o pé na estrada, Oxalá buscou orientações no oráculo, que aponta as previsões de uma divindade. E, foi aconselhado a não seguir com os planos da viagem. Mas, se mesmo assim decidisse ir, antes, deveria fazer uma oferenda a Exu.

No entanto, Oxalá partiu em direção a Oyó sem obedecer as orientações do oráculo, o que lhe custou caro. Sem ser reconhecido como o Rei, acabou sendo preso injustamente nas terras de Xangô, e assim permaneceu por sete anos.

Esse é o ponto de partida da história que a escola de samba do bairro de Ramos, na zona norte carioca, atual vice-campeã do Grupo Especial, vai desfilar no Sambódromo.

O enredo "Ómi Tútú Ao Olúfon", que significa "Água Fresca Para o Senhor de Ifón", traz em seus principais pontos a origem do ritual dos banhos de folhas e de águas dos rios e mar, que se mantem vivo até hoje.

Rio de Janeiro- 21/02/2025- Alegoria da Imperatriz escola em 2025
 
Crédito: Divulgação Imperatriz/ Redes Sociais Leandro Vieira
Alegoria da Imperatriz escola em 2025, por Divulgação Imperatriz/ Redes Sociais Leandro Vieira

O responsável pelo tema é o carnavalesco Leandro Vieira, que acumula três títulos de campeão no Grupo Especial e dois na Série Ouro, inclusive a vitória decisiva da Imperatriz Leopoldinense, em 2020, que marcou a volta da agremiação à elite do carnaval. Desde então, ganhou também em 2023 e, neste ano, chegou perto, conquistando o título de vice.

Para o diretor de carnaval André Bonatte, a Imperatriz segue com o que faz de melhor para o ano que vem, mas com uma mudança importante…

"Uma escola que tem por referência contar boas histórias, mas, num viés de sua trajetória, com um olhar eurocêntrico, dessa vez vai se debruçar sobre uma história africana. Um motivo de bastante orgulho para a gente poder contar essa história na avenida."

Rio de Janeiro- 21/02/2025- Alegoria da Imperatriz escola em 2025
 
Crédito: Divulgação Imperatriz/ Redes Sociais Leandro Vieira
Rio de Janeiro- 21/02/2025- Alegoria da Imperatriz escola em 2025 Crédito: Divulgação Imperatriz/ Redes Sociais Leandro Vieira - Divulgação Imperatriz/ Redes Sociais Leandro Vieira

Depois de quase 50 anos sem um enredo diretamente ligado à ancestralidade africana, Bonatte acredita que é o momento certo para levar a epopeia de Oxalá à Passarela do Samba.

"A maioria das escolas vai ter esse olhar para a África, muito através da sua religiosidade, da sua cultura, e eu acho que isso fortalece muito a ideia de pluridade da África. A África não é uma coisa só. A África é gigante e tem várias representações. Eu acho que a Imperatriz vai se somar a essas outras escolas que vão trazer para o carnaval de 2025 esse olhar plural, quebrando um pouco desse nosso preconceito estrutural, achando que a África é uma coisa só."

A Imperatriz Leopoldinense é a segunda a desfilar no domingo, 2 de março, quando será aberto o Carnaval 2025 das grandes escolas de samba.

* Com supervisão de Tâmara Freire

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