Comissão Nacional da Verdade identifica restos mortais de desaparecido político
Audiência Pública da Comissão Nacional da Verdade apresentou, nesta sexta-feira, em Brasília, detalhes da investigação que encontrou e identificou os restos mortais do maranhense Epaminondas Gomes de Oliveira.
O delegado da Polícia Federal, Daniel Lener, disse que os relatórios das operações realizadas pelos militares durante a ditadura foram o ponto de partida. Nos documentos, foi possível descobrir locais e formas de torturas.
Epaminondas era sapateiro, nasceu em Pastos Bons, no Maranhão. Tinha liderança política na região e chegou a ser prefeito da cidade. Ele era ligado ao Partido Comunista e ao Partido Revolucionário dos Trabalhadores.
De acordo com documentos da Comissão da Verdade, Epaminondas foi preso em 1971 no garimpo Ipixuna, no Pará, durante a operação Mesopotâmia.
Ele foi levado para Imperatriz, no Maranhão e depois, em um avião da FAB, a Força Aérea Brasileira, foi conduzido a Brasília, onde foi torturado e morto aos 68 anos.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, reclama que as Forças Armadas não contribuíram com a investigação.
Documentos militares atestam que Epaminondas morreu de causas naturais e estava sepultado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
Mas os peritos do IML – Instituto Médico Legal, do Distrito Federal, descobriram que o corpo estava em outra cova, próxima a apontada pelos militares.
Em setembro do ano passado, os peritos fizeram a exumação do corpo e confirmaram que realmente se tratava de Epaminondas.
Os restos mortais apresentavam indícios de que a vítima morreu no hospital e de que não haviam sido apresentados à família. Não foi possível fazer exame de DNA porque a ossada estava muito desgastada.
O neto de Epaminondas, que tem o mesmo nome do avô, diz que o corpo vai ser levado para a cidade maranhense de Porto Franco, onde será enterrado no domingo no jazigo da família.
A reportagem tentou ouvir as Forças Armadas sobre a participação durante a investigação do caso. Assessoria de imprensa do Ministério da Defesa disse que o órgão não tem nada a comentar. Apesar disso, ressaltou que colabora com a Comissão sempre que é solicitado.