Mais uma estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo disse que foi violentada sexualmente dentro do campus da instituição. A aluna, que não quer ter o nome divulgado, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que apura casos de abusos dentro das faculdades paulistas.
De acordo com a estudante, em uma festa em 2013, organizada pelo centro acadêmico da faculdade, dois alunos tentaram abusar dela em um estacionamento. Após reagir, a garota foi vista por uma amiga, e conseguiu deixar o local.
Segundo a aluna, o caso foi denunciado à faculdade, mas não houve apoio da instituição. De acordo ainda com ela, uma sindicância foi aberta em 2013 na faculdade para apurar o ocorrido, no entanto o processo foi viciado. O depoimento dela aos professores da comissão de investigação foi alterado. Em 2014, uma nova sindicância foi feita. Segundo a faculdade, os dois alunos serão punidos.
O diretor da faculdade de medicina da USP, José Otavio Costa Auler Junior, presente na sessão, negou que a instituição tenha sido omissa nos casos de abuso e violência sexual. Ele não soube precisar, no entanto, quantos casos ocorreram dentro da faculdade nos últimos anos. Auler disse que enviará a CPI, em breve, na íntegra, todos os processos de apuração existentes. Ele reconheceu que, pelo menos desde 2012, não houve nenhum aluno punido em decorrência das denúncias.
Auler ressaltou que, a partir de fevereiro, entre outras ações, será instituído um núcleo de acolhimento aos alunos, com assistência médica, advogados, e psicólogos, onde os estudantes possam relatar seus problemas. Também será criado um núcleo de ações dos direitos humanos e uma ouvidoria na faculdade, de fácil acesso aos estudantes.
O presidente da CPI, o deputado Adriano Diogo, questionou a razão de todas as sindicâncias da faculdade, até o momento, não terem sido concluídas com culpados. Ele ressaltou ainda que não criminalizar a conduta desses estudantes agora poderá gerar médicos como Roger Abdelmassih, condenado por ter estuprado uma série de mulheres em sua clínica.
A CPI pediu ainda que seja apurada a alteração do depoimento da aluno dada a comissão de investigação da faculdade.