A região Norte ainda apresenta o maior número de assassinatos no campo. O dado é da CPT - Comissão Pastoral da Terra - e integra o Caderno de Conflitos no Campo 2014, lançado nesta segunda-feira em Brasília. Dos 36 assassinatos registrados em 2014 em todo o país, 2 a mais que em 2013, a região Norte foi a origem de 14 ocorrências: 9 no Pará e 5 em Rondônia.
As regiões Centro-Oeste e Sul foram as que apresentaram aumento de assassinatos em relação ao ano de 2013: 8,33% a mais na região Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso, com 5 assassinatos e 200% a mais na região Sul, que subiu de 1 para 3 assassinatos.
O Caderno de Conflitos no Campo completa 30 anos em 2015 e, segundo a CPT, foram registrados nestas edições 1.307 conflitos agrários com assassinatos. Destes, apenas 108 foram a julgamento. Para o presidente da entidade, Dom Enemésio Lázzaris, camponeses e povos tradicionais devem se mobilizar para cobrar mais atuação da justiça nesses casos.
Sonora: "Se a gente não se mobilizar, não se movimentar, não se fortalecer para cobrar um pouco mais do judiciário, a última assinatura é deles! Eles têm um poder monárquico, mandam mais do que o rei!"
Na Amazônia, as regiões com mais conflitos têm sido as que fazem fronteira com o Cerrado. O professor e doutor da Universidade Federal Fluminense Carlos Walter Porto Gonçalves assessorou a análise dos dados compilados pela CPT e destaca que essas são áreas também de maior desmatamento.
Sonora: "Essa parte meridional da Amazônia, que é uma parte do ponto de vista ecológico de uma importância ímpar, porque é uma zona que os biólogos chamam também de tensão ecologica de cerrado com a Amazônia. E essa área é de uma diversidade de vida enormes. Então essas áreas são áreas particularmente importantes e paradoxalmente a área mais devastada, a área mais intensa que vem se fazendo nesses últimos 30 anos é exatamente essa faixa que o pessoal chama do arco do desmatamento."
O lançamento do Caderno de Conflitos contou ainda com a presença do indígena Guarani Kaiowá Anastácio Peralta e da integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Elizabete Cerqueira. O caderno apresenta dados nas categorias Terra, Água, Trabalho, Violência contra a Pessoa e Manifestações, que estão disponíveis no site cptnacional.org.br.