Somente no ano passado, o Brasil recebeu cerca de doze mil pedidos de refúgio. A maioria de pessoas proveniente da Síria e de países africanos como Congo e Nigéria, em busca de um novo lar, para fugir da guerra, da perseguição política e da violência sexual de gênero e de raça.
No Rio de Janeiro, quem recebe e assiste os mais de três mil refugiados residentes é a Cáritas Diocesana. O diretor-executivo da organização, Candido Feliciano, explica que o primeiro procedimento é a legalização da pessoa como refugiada. Em seguida, ela faz aulas de português e é encaminhada ao mercado de trabalho.
O representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil, Andrés Ramires, explica que o país vem sendo mais procurado por conta da estabilidade econômica e política conquistada nos últimos anos e também pelo reconhecido caráter acolhedor do povo brasileiro. Apesar disso, a organização vem monitorando casos recentes de preconceito contra imigrantes e refugiados.
Mirelle Muluila, que veio do Congo para o Brasil há onze meses, já trabalha e fala português sem maiores dificuldades, mas apesar de ter conseguido fugir dos conflitos, nos quais o estupro é usado como arma de guerra, não esquece a situação de seu país.
Por conta das violências de gênero, a consultora da ONU Mulheres, Júnia Puglia, ressalta que os programas para refugiados precisam de estratégias específicas para o atendimento de mulheres.
O presidente-executivo da Cárita, Candido Feliciano, diz também que é preciso oferecer lazer e atividades de integração dos refugiados com a comunidade brasileira para que eles voltem a se sentir pessoas com valor e com direito a ter momentos de alegria.
Apesar de todos os horrores vividos, dentro dessa proposta, nesta terça-feira, um grupo de vinte refugiados teve a oportunidade de jogar uma partida de futebol no Maracanã. Dabo Seco, que veio de Guiné Conacri para o Brasil há seis meses, estava tão animado que sequer conseguiu articular as palavras no português recém-aprendido.
O projeto Futebol das Nações vai promover os jogos de futebol uma vez por semana. O objetivo é que os grupos se revezem para que a maior quantidade de refugiados possível tenha a experiência de jogar no estádio mais emblemático, palco do esporte mais venerado do Brasil.