A pobreza extrema reduziu 63% nas famílias brasileiras, no período de 2004 até o ano passado. Mesmo com a crise econômica, a taxa de miséria caiu 30% somente entre 2013 e 2014. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e foram analisados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O diretor de Estudos do Ipea, André Calixtre, conta o que levou a esse resultado.
A educação ainda é um dos maiores desafios brasileiros. O relatório mostra que a qualidade do ensino nas regiões mais pobres e nas áreas rurais ainda está muito longe da média nacional. Os moradores das regiões Norte e Nordeste são os mais prejudicados.
Tem também desigualdades de gênero e raça. As mulheres brancas são as que passam mais tempo na escola. Em seguida vêm os homens brancos e, depois, os negros. As mulheres negras são as que têm menos escolaridade e, consequentemente, menos oportunidades de ter uma vida melhor.
O Ipea concluiu que as políticas sociais poderiam ser mais eficientes se, por exemplo, a carga tributária fosse progressiva. Ou seja, se os mais ricos pagassem mais impostos. Mesmo assim, André Calixtre acredita que as melhorias na distribuição de renda e no mercado de trabalho deram fôlego para os brasileiros enfrentarem crises econômicas.
E a novidade entrou na casa dos brasileiros. A quantidade de famílias com filhos caiu de 54% em 2004 para 44% no ano passado. O pesquisador atribui a mudança ao aumento da presença das mulheres no mercado de trabalho e à conquista de direitos por parte da população LGBT, que pôde oficializar as famílias homoafetivas, formadas por casais do mesmo sexo.
A pesquisa também constatou que, nos últimos dez anos, o número de crianças trabalhando na agricultura reduziu 57%, de 2 milhões para menos de 900 mil. Essas crianças têm entre 5 e 14 anos de idade e, em geral, atuam na agricultura familiar. Elas até frequentam a escola, mas faltam muito e tiram notas baixas. Por isso, o fim do trabalho infantil ainda é uma importante meta a ser atingida.