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Direitos Humanos

Mercado de trabalho ainda discrimina pessoas trans

Direitos Humanos
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Ana Lúcia Caldas
30/01/2017 - 11:31
Brasília

Sonora: “A realidade de nós mulheres trans e homens trans é que o mercado de trabalho não está preparado, entendeu? O mercado tenta nos apagar. Na maioria das vezes ele não quer saber o que você tem a oferecer para a empresa em si.

 

A estudante Alana Félix tem razão. No mercado de trabalho, as empresas ainda estão longe de promover a inclusão e o respeito à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

 

Segundo levantamento de 2015 da companhia Elancers, que atua na área de sistemas de recrutamento e seleção, 38% das empresas brasileiras não contratariam pessoas LGBT para cargos de chefia e 7% não contratariam em hipótese alguma.

 

Outro estudo da mesma época, o Demitindo Preconceitos, Por que as empresas precisam sair do armário, da Consultoria de engajamento Santa Caos, ouviu 230 pessoas. Quarenta por cento relatam preconceito no emprego devido à orientação sexual. Um em cada quatro entrevistados consideram que a escolha da carreira é influenciada pela orientação.
 

Jean Soldatelli sócio-diretor da Santa Caos diz que no ano passado eles conversaram com 150 empresas e poucas têm políticas de apoio as pessoas trans.
 

Sonora: “A gente pode contar nas mãos quantas empresas têm uma política bem estruturada de apoio do trabalho de travestis e transexuais. A gente tem alguns casos como o do Carrefour e do McDonald's, que têm atendentes travestis e transexuais. É uma empresa que não esconde essa questão.
 
Segundo a Antra, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, 90% da população de trans está na prostituição. E onde estão os outros 10%? Jean Soldatelli conta.
 
Sonora: “Os outras dez por cento estão em empregos invisíveis. A maior parte dessa população trabalhando em empregos como call centers, estoques… São poucas empresas que colocam travestis e transexuais na sua linha de frente tanto em cargos executivos quanto em cargos com visibilidade para o público.”
 
Para Jean, as empresas só têm a ganhar com a inclusão.

 

Sonora: “Empresas que apoiam a diversidade, elas têm um olhar diferente, isso traz muita inovação, traz melhora no clima e melhora o engajamento. E, quando você melhora o engajamento, você traz uma série de resultados financeiros diretos e indiretos que são benéficos à empresa.”
 
Marina Reidel, coordenadora de Promoção dos Direitos LGBT da Secretaria Nacional de Direitos Humanos considera que um dos motivos  que levam à prostituição é a evasão escolar. 

 

Sonora: “Por conta do baixo currículo, por conta das empresas abrirem as portas para esses sujeitos para a empregabilidade, então a gente vai ter diversas vulnerabilidades que vão fazer com que esse espaço ainda culturalmente é dito como o único que é lá, na calçada, na avenida, na pista etc.”

 

Já a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus avalia que o preconceito é o grande responsável.
 

Sonora: “Mesmo que tenham um ótimo currículo elas são muitas vezes preteridas no processos seletivos  só porque se descobre que elas são pessoas trans e são obrigadas por essa sociedade a terem seu único proveito como objetos sexuais, como profissionais do sexo.”

 

A advogada Marcia Rocha deixa um recado.
 

Sonora: “Para as pessoas trans continuarem tentando, lutando pelos seus direitos e para a população em geral que nós somos seres humanos iguais a todos os outros.”
 

A advogada é uma das criadoras do site transempregos.com.br, em que empresas podem anunciar vagas que gostariam que fossem preenchidas por profissionais transexuais.

 

 

* Produção de Heloisa Fernandes e sonoplastia de Marcos Tavares
 

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