Pesquisa aponta Brasil como país recordista em assassinatos por conflitos no campo
Um relatório feito pela Global Witness, ONG internacional que avalia vínculos entre conflitos e direitos humanos, aponta que o Brasil é o país recordista em assassinatos por conflitos agrários.
A publicação utiliza dados levantados pela CPT - Comissão Pastoral da Terra - e destaca que em 2016 foram 49 assassinatos de defensores do direito à terra no país. Em segundo lugar vem a Colômbia, com 37 e em terceiro as Filipinas, com 28 mortes.
Segundo a organização, desde que começou a publicar dados, 2016 foi o ano com mais registros de mortes no campo. Mas os números de 2017 podem ser piores, como explica Ruben Siqueira, da Coordenação Nacional da CPT.
Sonora: "Esse ano, nós já estamos com 52 assassinatos no campo. Então, provavelmente, 2017 vai superar infelizmente, tragicamente, o número de assassinatos no campo do ano passado."
Entre outros fatores, a procuradora Deborah Duprat, do Ministério Público Federal, também credita o aumento das mortes ao crescimento da utilização de empresas de segurança privada nas fazendas.
Sonora: "Teria que haver uma grande operação de fiscalização dessas empresas, e desarmamento do campo. Sabe, não é possível conviver com uma situação em que você cria uma segurança paralela à do estado, agindo quase sem fiscalização."
Segundo a Global Witness. em todo o mundo, a onda de violência é impulsionada por uma intensa luta pela terra e recursos naturais. A mineração foi o setor mais mencionado. Na mesma linha, a Ouvidoria Agrária Nacional considera que a maioria das mortes está relacionada a questões ambientais e mineração ilegal. Quem afirma é o ouvidor agrário Jorge Tadeu Jatobá.
Sonora: "Muitas vezes os fatos, eles são atribuídos a um conflito de natureza de disputa pela terra. E nós estamos observando que em várias situações, essa não é a razão primeira daquela morte. Eu colocaria em primeiro lugar a disputa pelos recursos minerais e florestais em primeiro lugar. Em seguida, a disputa pela terra."
O relatório da Global Witness traz uma série de recomendações aos governos e pede que os responsáveis por ações de violência sejam responsabilizados. Para a ouvidoria, a solução a longo prazo é a regularização fundiária e o assentamento de famílias, além do trabalho integrado entre órgãos de fiscalização no campo.