Certidão de óbito de diplomata é retificada após ser considerado vítima da ditadura militar
O diplomata José Pinheiro Jobim, morto em 1979, foi considerado oficialmente uma vítima da ditadura militar. Os agentes da repressão que assassinaram Jobim tinham simulado um suicídio. A certidão de óbito trazia causa da morte indefinida. O documento foi retificado e, na sexta-feira (21), foi entregue para a filha dele, Lygia Jobim.
De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade, o diplomata foi sequestrado em março de 1979, no bairro em que morava, Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Foi mantido em cativeiro e torturado durante interrogatórios. Dois dias depois do sequestro, no dia 24 de março, José Jobim foi encontrado pendurado em uma árvore pequena, no canteiro central da avenida da Barra da Tijuca. Suas pernas estavam curvadas e tocavam o chão.
O diplomata já era aposentado em 1979. Ele fez longa carreira no Itamaraty, representando o Brasil no Vaticano, na Argélia e no Marrocos, por exemplo. Uma das missões de que participou foi a negociação entre Brasil e Paraguai para a construção da hidrelétrica de Itaipu, na época do governo de João Goulart, o presidente que sofreu o golpe de 1964.
A ditadura deu novo caminho à negociação e fechou acordo com o Paraguai para dividir a posse da hidrelétrica e arcar com 100% dos custos de construção. Itaipu custou 17 bilhões de dólares.
Na época em que foi assassinado, José Jobim escrevia suas memórias e afirmava possuir provas de superfaturamento na construção de Itaipu.