O assassinato do adolescente João Pedro, de 14 anos, ocorrido na última segunda-feira durante uma operação policial no morro do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, foi denunciado à ONU, Organização das Nações Unidas, e à OEA, Organização dos Estados Americanos.
O estudante foi executado dentro da casa de parentes. Seu corpo foi levado por policiais em helicóptero e a família, após peregrinar por vários hospitais por notícias do jovem, só conseguiu localizá-lo cerca de 17 horas depois no IML. Outros 13 assassinatos ocorridos durante operação das polícias do estado, em menos de uma semana, no complexo de favelas do Alemão, também estão na denúncia.
A representação foi enviada à Comissão de Direitos Humanos da ONU e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos pela deputada Renata Souza, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e o deputado federal Marcelo Freixo, ambos do PSOL-RJ. A denúncia pede a responsabilização de todos os envolvidos no assassinato do adolescente, em especial, a não repetição de violações em favelas e periferias.
A deputada Renata Souza afirma que megaoperações policiais estão ocorrendo em plena pandemia, e atingiu o jovem que estava justamente cumprindo o isolamento.
O articulador da ONG Rio de Paz, João Luiz Silva, acompanhou o sepultamento do jovem e teve acesso a casa onde João Pedro foi assassinado. Silva contou que a residência não estava mais isolada. Moradores, parentes do jovem, informaram que a polícia havia feito a perícia na hora. E que os próprios policiais teriam recolhido os projeteis e cápsulas. Silva contou 72 buracos de bala nas dependências.
O governador Wilson Witzel lamentou a morte do adolescente e afirmou que determinou apuração rigorosa sobre o caso. Witzel também disse que a operação que resultou na morte de João Pedro era da Polícia Federal, que contou com o apoio da Polícia Civil.
A PF informou que não iria se manifestar pois já existe uma investigação em curso na Polícia Civil para apurar o fato.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí informou que foi realizada perícia no local e testemunhas prestaram depoimento na delegacia. Os policiais já foram ouvidos e as armas apreendidas para análise. O piloto do helicóptero e familiares também vão prestar depoimento.
A Corregedoria Geral da Polícia Civil também instaurou sindicância administrativa disciplinar para apurar a conduta dos policiais civis que participaram da ação no Complexo do Salgueiro.