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Direitos Humanos

Lar de acolhimento para LGBTIs, Casa Nem conquista nova sede

Instituição, que atende mais de 50 pessoas, sofreu despejo recente
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Lígia Souto
16/09/2020 - 17:28
Rio de Janeiro

Após quase cinco anos de muitas incertezas, a Casa Nem conquistou um novo lar para o acolhimento de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais em situação de vulnerabilidade. E já no atual endereço, no Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, dá continuidade aos projetos sociais oferecidos pela instituição.

A moradora Ana Claudia Santiago conta que, apesar da mudança recente, ela já retomou o curso de cozinha vegana.

A casa que agora serve de abrigo e também palco para as oficinas, possui seis quartos, dois banheiros, uma sala e uma cozinha, e consegue acomodar até 60 pessoas. O imóvel foi cedido pelo Estado por cinco anos, período que pode ser prorrogado. A conquista foi bastante comemorada, como revela Nicole, também acolhida pela Casa Nem.

Mas até a entrega das chaves, na última sexta-feira, o caminho percorrido foi longo e exigiu muita negociação. O acordo foi costurado a partir da atuação de diversos órgãos e movimentos sociais. Entre eles, a Defensoria Pública do Estado, diretamente envolvida por meio do Núcleo da Diversidade Sexual e Direitos Homoafetivos. A coordenadora do Núcleo, Letícia Furtado, afirma que a cessão do imóvel pelo estado é uma forma de reconhecimento da função social que a Casa Nem desempenha.

Antes do novo endereço, o abrigo ocupou de forma provisória uma escola desativada, também cedida pelo Estado e localizada em Copacabana, na zona sul carioca. O local foi a solução encontrada depois que o projeto sofreu uma ação de reintegração de posse, cumprida no dia 24 do agosto.

De 2019 até essa data, a Casa funcionou em um prédio particular no mesmo bairro. Mas com a ação de despejo, movida pelos proprietários do imóvel e decretada pelo Tribunal de Justiça do Estado, os integrantes foram obrigados a deixar o espaço.

A reintegração de posse, em plena pandemia, não foi a primeira sofrida pelo grupo. A Casa Nem nasceu em 2016, como parte de um projeto de pré-vestibular comunitário, e já enfrentou despejos anteriores em endereços na Lapa, região central da cidade, e em Vila Isabel, na zona norte.

 

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