Metade dos migrantes com trabalho no país perderam emprego na pandemia
Metade dos migrantes que estavam trabalhando no Brasil antes da pandemia perderam o emprego. Esse e outros dados que apontam a insegurança de dessa população, principalmente no contexto de pandemia, foram a tônica do seminário virtual "Vulnerabilidade e Pandemia: migrações, tráfico de pessoas e trabalho escravo", realizado nesta terça-feira pela OIM - Agência das Nações Unidas para Migrações e pelo Ministério da Justiça e Segurança pública.
Na ocasião foram lançados o “Atlas Migrações Venezuelanas”, desenvolvido pela Universidade Estadual de Campinas e pelo Ministério Público do Trabalho; e ainda a pesquisa “O impacto da pandemia da Covid-19 nas migrações internacionais”.
O Atlas traz informações sobre interiorização dos venezuelanos de 2000 até o início de 2020. Os resultados indicam a necessidade de acompanhamento dessa imigração, principalmente no contexto da pandemia, como informou a professora Rosana Baeninger, uma das coordenadoras do projeto.
Já a pesquisa sobre o Impacto da Pandemia da Covid-19 nas migrações internacionais mostra que antes da chegada do novo coronavírus, dos 2.475 imigrantes participantes da pesquisa, 52% estavam trabalhando. Com a pandemia, metade perdeu o trabalho, ampliando para mais de 70% o número de imigrantes desempregados entre os meses de maio a julho deste ano.
As principais preocupações com relação ao futuro para imigrantes na pandemia se referem às dimensões econômicas, discriminação e, principalmente, a fome, como destacou o professor Duval Fernandes, da pós-graduação em Geografia da PUC Minas e um dos coordenadores da pesquisa.
Durante o seminário, integrantes do Ministério da Justiça, do Ministério Público do Trabalho e entidades internacionais destacaram a importância do trabalho em rede para acompanhar essas populações.
O acesso à documentação, garantido pela Lei de Migrações do Brasil, também foi apresentado como uma política importante para os imigrantes em geral.
Maha Mamo, primeira apátrida a receber a nacionalidade brasileira, no ano de 2018, deu depoimento sobre as dificuldades que passou pela falta de documentos e de como, no Brasil, conseguiu mudar essa realidade, após 30 anos.