175 transexuais foram assassinadas no país em 2020, segundo dossiê
No Dia da Visibilidade Trans, um dossiê mostrou que, em 2020, triplicou o número de mulheres transexuais assassinadas.
Em 2020, o Brasil registrou 175 assassinatos de pessoas transexuais. O número é o maior já registrado desde que a Antra, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais começou a fazer o levantamento. Comparando com as mortes registradas em 2008, o número é três vezes maior. Naquele ano, foram registrados 58 assassinados.
O resultado consolida o Brasil como o país mais violento contra transexuais. Desde 2008, o Brasil lidera o ranking que reúne dados de uma ONG internacional que se dedica ao tema, a Transgender Europe.
Para uma das autoras do levantamento, Bruna Benevides, trata-se de uma epidemia de ódio.
Pessoas cisgênero são aquelas em que o indivíduo não tem conflito com o sexo que nasceu.
Além dos assassinatos, o dossiê divulgado nessa sexta-feira discute outros tipos de violência. Uma delas ganhou destaque: a violência política.
Ao mesmo tempo que as eleições municipais de 2020 registraram um recorde no número pessoas trans eleitas para as câmaras de vereadores - 25 pessoas em todo país, contra 8 em 2016 - também cresceram os ataques contra esses representantes.
Na última quarta-feira, a vereadora Carolina Iara, eleita para um mandato coletivo pelo PSOL da capital paulista, foi alvo de um atentado e teve a casa atingida por tiros. Além de transexual, ela também é negra.
No dia seguinte, quinta-feira, Érika Hilton, a vereadora mais votada de São Paulo, também do PSOL, trans e negra, foi agredida por um funcionário da própria Câmara de Vereadores.
Para a presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos, Symmy Larrat, os ataques às representações políticas são uma tentativa de conter os avanços.
Um exemplo de como a representação política pode contribuir com a mudança de cenário se deu com a pandemia de coronavírus. A estimativa da Antra é de que 70% das mulheres trans e travestis não tiveram acesso a políticas emergenciais durante a pandemia.
Nós entramos em contato com o Ministério da mulher, da Família e dos Direitos Humanos para questionar sobre quais políticas públicas estão sendo implementadas para reduzir a violência contra a população transexual e estamos aguardando resposta.