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Direitos Humanos

Tatuadora cria projeto que cobre cicatrizes de mulheres de baixa renda

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Eliane Gonçalves - Repórter da Rádio Nacional
08/03/2022 - 19:24
São Paulo

Por mais de 40 anos, a bibliotecária Valéria Festa conviveu com as cicatrizes de um acidente na infância, quando tinha oito anos. As marcas eram visíveis na perna inteira.

Ela deu essa entrevista enquanto fazia uma tatuagem. No lugar das marcas de uma experiência dolorosa, começavam a aparecer flores e pedras preciosas.

“Em nem estou sentindo dor, estou sentindo alegria nesse momento. Dor eu senti no passado, agora é uma ressignificação, como se eu fosse uma tela em branco e ela está fazendo uma arte”, define Valéria.

A arte é da tatuadora Karlla Mendes que sempre gostou de desenhar pedras preciosas e resolveu unir sua arte à especialidade de cobrir cicatrizes. Ela criou o projeto “We are Diamonds”, que em português significa nós somos diamantes. A ideia é permitir que mulheres que não tem dinheiro para pagar por uma tatuagem também possam cobrir marcas deixadas por cirurgias, acidentes ou violência doméstica por desenhos. Em pouco mais de 4 anos, 150 mulheres já foram atendidas pelo projeto, tanto no Brasil, quanto na Austrália, onde Karlla também tem estúdio.

“Eu consegui unir meu estilo de arte com o projeto: fazer joias tatuadas em cima das cicatrizes, porque acho que somos diamantes, nascemos brutas e temos que nos lapidar ao longo da vida, a cada dia”, afirma a tatuadora.

Nesse dia internacional de luta pelos direitos da mulher, outras quatro mulheres, além de Valéria, também foram tatuadas pelo projeto.

E quem antes passou a vida tentando esconder marcas já está preparada para exibir o corpo, como afirma Valéria.

O estúdio de Karlla no Brasil fica em São Paulo e quem tiver interesse em participar do projeto pode se inscrever contando a história da sua cicatriz e por que quer apagar essa marca. O formulário está disponível no site entrar no site karllamendes.com

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