A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância registrou mais um caso de preconceito religioso durante o sepultamento de um candomblecista no cemitério de Inhauma, na zona norte do Rio de Janeiro.
O caso aconteceu na última segunda-feira, quando funcionários da concessionária Rio Pax, que administra o cemitério, impediram o uso de um animal durante o ritual religioso.
A cerimônia só foi concretizada com a interferência de policiais da Delegacia especializada, que foram ao local chamados pelo babalorixá Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.
No ano passado, a delegacia registrou 33 ocorrências de ultraje a culto religioso em todo o estado do Rio de Janeiro.
Ivanir dos Santos destacou que o direito ao culto religioso é garantido pela Constituição Federal e que uma súmula do Supremo Tribunal Federal permite a sacralização do animal, como parte do rito de passagem das matrizes africanas.
Ivanir defendeu, ainda, que a denúncia seja feita ao Ministério Público, e que o órgão proponha um TAC, Termo de Ajuste de Conduta, com a concessionária Rio Pax para que a Constituição Federal seja cumprida.
Em nota, a Rio Pax informou que é contrária a qualquer tipo de ato de intolerância religiosa e que reconhece a legitimidade de todas elas. Esclareceu que os funcionários da concessionária tentaram impedir o uso do animal no ritual de passagem do Candomblé em cumprimento à legislação federal, estadual e municipal sobre o tratamento dispensado aos animais.
No próximo domingo, dia 10, às 10 horas, adeptos do Candomblé farão um ato de repúdio à intolerância religiosa na frente do cemitério de Inhauma.