Na primeira audiência pública da Comissão Temporária do Senado criada para acompanhar a questão dos Yanomami, os especialistas ouvidos mostraram preocupação quanto ao depois, quando acabar essa força-tarefa na região. Tudo para garantir que os garimpeiros não voltem e que também que o atendimento à população Yanomami continue.
O procurador da República em Roraima, Alisson Madrugal, reforçou bem isso. Disse que agora os dados mostram que houve redução de 80% no garimpo ilegal na região. Mas que aguarda o plano de ação: reforço na fiscalização e na atuação das equipes com, por exemplo, a destinação de mais equipamentos. Além disso, um ponto que, segundo ele, não pode ser discutido de jeito nenhum, é a legalização do garimpo na Terra Indígena.
O procurador ainda mostrou preocupação quanto à destruição das aeronaves que estão sendo apreendidas, para que elas não voltem a ser usadas pelo garimpo. E disse que é importante também a completa reestruturação da saúde indígena. E apresentou um dado nesse setor: disse que, por exemplo, houve um aumento de 150% na remoção de crianças para hospitais de Boa Vista porque problemas simples, como uma verminose, evoluíram para quadros mais graves, o que resultou em casos de subnutrição e mortes registrados no início do ano.
O fundador do ISA, o Instituto Socio-Ambiental, também mostrou preocupação nesse sentido, e falou sobre a escalada da malária junto com atividade garimpeira nos últimos anos.
Depois da audiência, os senadores aprovaram ainda um requerimento para que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, compareça à comissão para falar sobre a situação atual dos Yanomami. Nesta quinta-feira, a Comissão continua com as audiências públicas. Serão ouvidos representantes das populações indígenas e também da Polícia Federal.