Pará teve 556 assassinatos de camponeses durante ditadura militar
59 anos após o golpe militar no país, mais um relatório que resgata a memória desse período violento da nossa história é divulgado. A Comissão Estadual da Verdade do Pará lançou, nessa sexta-feira (31), na Assembleia Legislativa do estado, seu relatório final.
O texto traz uma análise sobre a as violações de direitos humanos e liberdade ocorridas entre 1964 e 1988 no Pará.
A Comissão Estadual da Verdade do Pará foi criada em 2014. O deputado estadual Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Comissão da Verdade, diz que os trabalhos precisaram ser interrompidos diversas vezes, pelas dificuldades encontradas e pela falta de apoio do governo do estado. Mas ressalta a importância do relatório.
Segundo o levantamento, o estado foi onde ocorreu o maior número de conflitos no campo: 805 conflitos agrários envolvendo 411 mil famílias, e o assassinato de 556 camponeses.
O relatório cita ainda a busca por mortos e desaparecidos ligados à Guerrilha do Araguaia, na região do Bico do Papaguaio, entre a divisa do Pará, Tocantins e Maranhão. O documento estima que 70 pessoas morreram. Até hoje, apenas dois restos mortais foram encontrados.
Dulce Rosa Rocque, de 80 anos, perseguida pela ditadura no Pará, diz que a luta pela democracia é diária.
No lançamento, ainda foram homenageados dois dos idealizadores da Comissão Estadual, que acabaram falecendo. Os militantes Egídio Sales Filho, que era o presidente da Comissão, e Paulo Fonteles Filho, o principal relator.
O Relatório prevê 23 recomendações, entre elas o reconhecimento e pedido oficial de perdão, pelo Governo do Pará, em função da sua responsabilidade pelas graves violações de direitos humanos na ditadura.
O relatório pede ainda que a Assembleia do Estado promova a devolução simbólica dos mandatos dos deputados estaduais cassados pelo golpe.
Além disso, sugere a criação de uma comissão estadual da verdade específica para os povos indígenas paraenses, para dar seguimento às investigações já iniciadas. O relatório completo pode ser encontrado no site da Comissão da Verdade do Pará.
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil"
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