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Direitos Humanos

Estudo em favelas revela perda anual milionária pelo tráfico de drogas

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Fabiana Sampaio - repórter da Rádio Nacional
18/09/2023 - 22:29
Rio de Janeiro

Além de mortes e violações de direitos, a rotina da guerra às drogas nas favelas do Rio de Janeiro provoca outros impactos graves, entre eles a perda anual de mais de R$ 14 milhões na renda de moradores e comerciantes. 

São consequências da restrição de acesso a transportes e trabalho, fechamento do comércio local e interrupção de serviços essenciais. Os dados são do estudo “Favelas na Mira do Tiro”, do CESeC, Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. 

Mais da metade dos moradores dos complexos da Penha e de Manguinhos, na zona norte da capital, ficou impedida de utilizar meios de transporte nos 12 meses anteriores à pesquisa. Moradores perderam em média o equivalente a uma semana e meia de trabalho ou 2,8% de um ano com 264 dias úteis. É daí que vem o principal impacto econômico dessa situação, como explica a antropóloga e pesquisadora do CESeC, Paula Napolião. 

Na prestação de serviços fundamentais, o relatório mostra que 45% dos moradores ficaram sem energia elétrica em casa, resultando em 35 horas, em média, sem o serviço, 32% ficaram sem internet, cerca de 28 horas, e 17%, sem água. Problemas que também afetaram comerciantes e prestadores de serviços. 

Paula Napolião afirma que as operações policiais em favelas não causam impacto nas organizações criminosas, mas provocam mortes de inocentes, inclusive de crianças e adolescentes. 

A pesquisadora defende que uma política de segurança eficaz deve ser guiada obrigatoriamente pelo trabalho de inteligência e ter como objetivo principal preservar vidas. 

Paula destaca ainda que os dados do estudo refletem a marginalização desses territórios historicamente habitados pela população negra. 

A Polícia Militar do Estado informou em nota que o índice de mortes por intervenção de agentes do Estado sofreu uma redução de mais de 17% de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. E que as ações são planejadas com base em informações de inteligência e pautadas por critérios técnicos, tendo como preocupação central a preservação de vidas. 

A Polícia Civil informou que realiza planejamentos prévios detalhados – com base em informações de inteligência, incluindo mapeamento de local – em todas as operações. E que as ações da instituição sempre priorizam a preservação de vidas, tanto dos agentes quanto dos cidadãos. E ainda que a atuação em comunidades é parte das ações de combate à criminalidade. 

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