Número de conflitos no campo sobe 8% quando comparado com 2022
O número de conflitos no campo aumentou 8% neste primeiro semestre em comparação com o ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Ao todo, os conflitos relacionados à disputa pela terra, pela água e os casos de trabalho similar à escravidão chegaram a 973 contra 900 no ano passado.
Ronilson Costa, Coordenador Nacional da CPT, explica que o campo brasileiro continua com número elevado de conflitos e pessoas envolvidas.
O número de trabalhadores resgatados em condição similar à escravidão no campo bateu recorde neste primeiro semestre: 1.408 pessoas, número 43% superior ao ano passado.
As principais atividades onde essas pessoas foram resgatadas foram o cultivo da cana-de-açúcar, as lavouras permanentes e as ações do agronegócio associadas à mineração.
O número da violência aumentou expressivamente, passando de 418 para 779 vítimas. Mas o número de assassinatos diminuiu 51%, passando de 29 no primeiro semestre de 2022 para 14 neste ano.
De acordo com a CPT, os principais responsáveis pela violência contra população do campo foram fazendeiros, o governo federal e os empresários.
Ronilson Costa diz que a violência passa também pela omissão de governos estaduais e federal, causando uma violência institucional.
Quem mais sofreu essas violências foram os povos indígenas, com 38% dos casos registrados, seguidos dos sem-terra, 19%; posseiros, 14%; e quilombolas, 12%.
Procuramos contato com alguns ministérios do governo federal. Por enquanto, apenas o Ministério do Desenvolvimento Agrário respondeu dizendo que não haverá manifestação oficial.