Nesta segunda-feira (18), teve início o julgamento do segundo acusado do assassinato da líder rural Dilma Ferreira Silva, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens no Pará. A maranhense, que residia no assentamento Salvador Allende, em Baião, a pouco mais de 270 km de Belém (PA), foi assassinada no local junto com o marido, Claudionor Amaro Costa da Silva, e um amigo do casal Milton Lopes, na madrugada do 22 março de 2019.
Dilma havia ameaçado denunciar o fazendeiro Fernando Rosa à polícia e ao Ibama por extração ilegal de madeira em uma área ao lado do assentamento.
Na noite anterior, 21 de março, segundo os autos do inquérito, Fernando havia enviado o mesmo grupo de criminosos para assassinar três funcionários de sua fazenda. O motivo: eles estariam ameaçando denunciar o fazendeiro às autoridades por causa das condições de trabalho e por não estarem recebendo os salários.
Ainda em julho daquele ano, o MInistério Pùblico denunciou cinco pessoas pelos assassinatos, no que ficou conhecida como "Chacina de Baião". O possível mandante, o fazendeiro Fernando Ferreira Rosa Filho. Valdenir Farias Lima, apontado pelo inquérito policial como intermediário, os irmãos Glaucimar Francisco Alves e Cosme Francisco Alves como executores, além de Juciel dos Santos Pinheiro, que segundo a denúncia do MP paraense ajudou a esconder os criminosos, além de guardar armas e produtos de roubo.
Alan Alves e Marlon Alves morreram em 2019 em confronto com a polícia.
Após condenar Cosme Francisco Alves a mais de 67 anos de reclusão em março do ano passado, somente agora mais uma acusado é levado a júri popular. A sessão desta segunda coloca Valdenir Farias Lima no banco dos réus. Ele é acusado de ser a pessoa que a mando de Fernando contratou os irmãos Alves para executar os dois triplos homicídios. Valdenir responde por homicídio qualificado, além do crime de roubo, por ter levado objetos da casa de Dilma.
Lideranças rurais, dos direitos humanos, trabalhistas, além de familiares de Dilma Ferreira da Silva fazem vigília em frente ao fórum onde acontece o julgamento. Iury Paulino, integrante da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens fala da expectativa em relação ao julgamento.
"O julgamento é por todos os que tiveram uma vida ceifada. A gente assim a demora é um instrumento da impunidade. A gente tem trabalhado diariamente mobilizando, pressionando para que os acusados não sejam libertados. E essa demora dá uma sensação muito grande de impunidade. Então para você ter uma ideia ainda tem um assassino que não foi preso depois de cinco anos. A nossa expectativa é pela condenação do acusado que está sendo julgado hoje".
Fernando Rosa está em prisão preventiva e sem data marcada para julgamento. Já Glauciomar Alves está foragido desde os assassinatos.
O julgamento deve prosseguir nesta terça-feira.