230 casos de violência contra liberdade de imprensa foram registrados nos nove estados da Amazônia Legal, nos últimos dez anos. Dados da Federação Nacional dos Jornalistas, divulgados nesta terça-feira (23), pelo Instituto Vladimir Herzog, em Belém, mostram que o Pará é o estado mais violento para repórteres na Amazônia, com 89 casos em uma década, seguido por Amazonas (38) e Mato Grosso (31).
Segundo um dos coordenadores do Instituto, Giuliano Galli, a morte do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em 2022, levou o instituto a fazer um levantamento dos casos de violência na região. Após os assassinatos dos dois profissionais, cresceu o número de denúncias de jornalistas e comunicadores que atuam na região. Segundo o Instituto, especificamente no Vale do Javari, a situação permanece perigosa.
O "Relatório sobre jornalismo e violência na Amazônia" traz relatos de casos em que a violência aparece ligada às investigações sobre crimes ambientais. Em 2022, por exemplo, ano eleitoral, o registro de violência contra jornalistas na Amazônia mais que dobrou em relação ao ano anterior. Foram 45 casos contra 20, em 2021.
O documento também aponta a relação de atividades ilegais como garimpo, mineração, ocupação de territórios indígenas e a ausência de políticas públicas. Além disso, mostra que violência não é sofrida apenas por jornalistas, mas também por defensores de direitos humanos em geral.