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Direitos Humanos

Museu do Hip Hop vira centro logístico de ajuda nas enchentes do RS

Inaugurado há 6 meses, local é referência do movimento negro gaúcho
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Gabriel Brum - repórter da Rádio Nacional
27/05/2024 - 08:30
Porto Alegre
Porto Alegre (RS), 25/05/2024 – CHUVAS RS - MUSEU DO HIP HOP - Museu da Cultura Hip Hop, na Zona de Porto Alegre, virou central para recebimento e destinação de doações na emergência climática gaúcha. Na foto voluntários carregam cama feita de papelão para colocar o colchão em cima. Inaugurado em 2023, o Museu da Cultura Hip Hop do Rio Grande do Sul conta a história do gênero no estado. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O local que protege a história do hip-hop e do movimento negro gaúcho também é referência na ajuda a comunidades atingidas pelas enchentes. O Museu da Cultura do Hip-Hop fica em Porto Alegre. Mais de 200 toneladas de donativos, como comida, água, roupas e colchões, já passaram por lá, diz o rapper e um dos idealizadores do Museu Rafa Rafuagi.

"O museu acabou se transformando num grande centro de distribuição. Por exemplo, tem gente de Alvorada, eles ali estão em expedição de Alvorada, a galera que está levando lá é de Canoas, eu, a gente acaba levando lá para Esteio, tem gente de Sapucaia, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Alvorada, como eu já falei, Viamão, que são cidades aqui no entorno, Gravataí, que também está aqui no entorno de Porto Alegre. Então a gente tem atendido hoje umas 10 cidades, Nova Santa Rita, que é um pouco mais à esquerda, saindo para lá".

O museu foi inaugurado em dezembro do ano passado. Tem 6 mil peças históricas no acervo, sendo que 400 estão expostas, como jaquetas, discos, fitas, rádios e outros itens. Tudo reunido numa viagem de 1.500 quilômetros pelo Rio Grande do Sul. Cerca de 200 pessoas visitam o local por dia.

Rafuagi quer o museu parte de um roteiro afroturistico, mostrando a história do negro gaúcho.

"Para, inclusive, ter uma fala. Olha, eu fui e voltei de lá sabendo que existe um monte de negro, que a história é essa e que não foi bem assim que contaram e que os negros lá foram muito guerreiros para sobreviver a toda a diversidade e a violência. Então estou dando esse panorama, mas é justamente essa a intenção, tá ligado?".

A cantora negra Jaque tem suas letras gravadas no museu. Ela também guia os jovens pela história do hip-hop gaúcho.

"Encontrei o hip-hop na minha adolescência e ele foi fundamental para mim formar caráter, sabe? Caráter enquanto desenvolvimento humano, assim, de entender, principalmente consciência social, consciência racial, foi a ferramenta que me forjou enquanto ser humano. Aí depois sim, aí eu me transformei em uma artista, sabe? Acho que é super importante. Então o que eu faço aqui é devolver para os jovens que estão vindo tudo que o Hip Hop me deu".

O museu deve retomar as atividades na próxima quarta-feira. A partir daí, vai continuar articulando as doações, mas direcionando diretamente para quem precisa.

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