Notificações de violência contra LGBTQIA+ aumentaram 970% em São Paulo
Pesquisa feita pelo instituto Pólis em São Paulo revela que as notificações de violência contra a população LGBTQIA+ aumentaram 970% entre os anos 2015 a 2023 na capital Paulista, segundo registros dos serviços de saúde na cidade. Foram registrados quase 2,3 mil casos de agressões físicas, verbais ou sexuais contra essa população.
No levantamento feito em Boletins de Ocorrência registrados pela Polícia Civil, o aumento foi ainda maior, de 2015 a 2022 o crescimento foi mais de 1.424%, totalizando no período mais de 3,8 mil ocorrências.
O Diretor Executivo do Instituto Pólis Rodrigo Iacovini citou o encorajamento de LGBTfobia por parte de autoridades do governo anterior, como uma das causas desse aumento da violência contra a população LGBT.
“Quando você tem um presidente da República permitindo, autorizando, manifestando, empoderando esse tipo de violência, a sociedade reage também a isso. E muitas daquelas pessoas que antes tinham receio de praticar atos, acabam se sentindo legitimadas pra tanto”.
Outro dado de destaque da pesquisa é que os negros são a maioria das vítimas de LBGTfobia, 55% no geral, além de 79% das vítimas desse crime quando perpetrado por policiais. Para Iacovini, o receio dessa população sofrer maltratos ao denunciar o crime nas delegacias faz com que boa parte desses crimes seja registrado através dos BOs online. E por isso ele defende treinamento melhor das forças de segurança para lidar com essa população.
“É, por exemplo, a percepção de que os policiais precisam ser melhor treinados e melhor responsabilizados pela violência que praticam contra homens, jovens e negros LGBTs. Esses aperfeiçoamentos precisam ser feitos na política, com base nos dados que a gente conseguiu produzir”.
O estudo completo será divulgado pelo instituto Pólis no dia 17 de Maio, dia mundial de combate à LGBTfobia.
A secretaria de Segurança pública do estado de São Paulo enviou nota afirmando que todos os distritos policiais do estado estão aptos a registrar e investigar crimes contra vítimas LGBTQIAPN+ e que a pasta tem intensificado as ações de combate à violência e intolerância por raça, cor, etnia e origem. A SSP lembra ainda que os crimes de homofobia e transfobia podem ser registrados pela Delegacia da Diversidade Online, a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.
* Com colaboração de Elaine Cruz, da Agência Brasil