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Direitos Humanos

Viva Maria repudia fala violenta contra a ministra Marina Silva

Senador disse que é difícil ouvir Marina sem querer “enforcá-la”.
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Mara Régia – Apresentadora do Viva Maria
20/03/2025 - 09:04
Brasília
Brasília (DF) 12/02/2025 Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas. Painel Acelerando a Adaptação dos Municípios. Presença da Ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, do ministro das Cidades, Jader Filho, do governador do Espirito Santo, Renato Casagrande e da deputada Tábata Amaral Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi vítima de uma fala que ela classificou como incitação à violência de gênero. Na última sexta-feira (14/3), durante um discurso, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou: “imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”. O parlamentar se referia a uma sessão da CPI das ONGs, em que Marina Silva falou com os parlamentares por cerca de seis horas.

O Viva Maria, nesta edição, propõe um ato de desagravo à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que sofreu uma violência recorrente contra as mulheres que exercem cargos políticos nas esferas do poder.

Ao falar sobre o ocorrido no programa Bom Dia Ministra, do Canal Gov, da EBC, nessa quarta-feira (19/3), Marina disse o seguinte:

“A violência política de gênero acontece o tempo todo. É para gente pensar, se uma mulher que consegue se tornar governadora, prefeita, deputada, senadora, ministra, sofre violência política de gênero, quanto mais as mulheres de um modo geral. Aquelas que não estão em posição, muitas vezes, de visibilidade. E eu sofri agora, pela manifestação de um senador, que fez uma afirmação de que era muito difícil pra ele ficar conversando comigo durante seis horas sem me enforcar. Eu fico imaginando alguém que é ministra do Meio Ambiente, alguém que de certa forma é conhecida dentro e fora do país, tem que ouvir uma coisa dessas, de alguém incitando a violência por discordar de alguém. Porque isso é uma forma de incitar a violência contra uma mulher. Dificilmente talvez isso fosse dito se o debate fosse com um homem. É dito porque é com uma mulher. Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso.”

A advogada Leila Linhares Bastard, uma das autoras da Lei Maria da Penha e coordenadora da ONG Cepia Cidadania, avalia o comportamento do senador Plínio Valério. 

“Eu acho que, na realidade, não se trata de psicopatia. Eu acho que esse homem, esse senador, como muitos outros que provocam violência política, têm muita consciência do que estão fazendo. Eles, na realidade, expressam as relações de poder que existem na nossa sociedade, que podem xingar as mulheres de qualquer coisa. Então, dizer que é uma psicopatia é retirar, na realidade, essa relação de poder que se instaura quando um homem se sente na condição de dizer para uma mulher, dentro do parlamento ou fora do parlamento, que ela é louca, que ela é nervosa e que tem vontade de enforcá-la. Na realidade, é isso mesmo. É vontade de retirar a mulher desse espaço que nós mulheres estamos conquistando com tantas dificuldades.”
 

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