Parece uma solução na hora do aperto, mas, na verdade, está mais para uma enrascada. Pagar o mínimo da fatura do cartão de crédito é uma das piores saídas para o consumidor.
E a professora aposentada Lucimar Pacheco sabe bem disso. Ela conta que sempre pagou a fatura por completo, mas, nos últimos três meses, as coisas apertaram e ficou difícil pagar o total do cartão. Para fugir do rotativo, ela recorreu ao parcelamento da fatura.
Os juros do crédito rotativo bateram recorde em novembro, ao atingir 482% ao ano. As informações são do Banco Central e o valor é o maior para a série histórica do órgão, que começou em março de 2011.
O resultado vem em um momento em que governo discute medidas que devem reduzir pela metade os juros do rotativo. Segundo a equipe econômica, já no primeiro trimestre do ano que vem, as instituições financeiras poderão oferecer um prazo máximo de 30 dias no pagamento rotativo do cartão e, a partir daí, devem transformar a operação automaticamente em crédito parcelado, que terá uma taxa menor.
Mas enquanto os juros não caem, a recomendação do Banco Central é justamente seguir a atitude da Lucimar. O chefe do Departamento Econômico da instituição, Túlio Maciel, explica que, quando consumidor não consegue pagar toda a fatura, é melhor parcelar, ao invés de pagar o mínimo.
A taxa do crédito parcelado ficou em 155% ao ano, bem menor que o rotativo. E ele também alerta para a taxa do cheque especial, que igualmente bateu recorde chegando a 330% ao ano em novembro. O valor é o maior da série histórica para a modalidade, que começou em julho de 1994.
Já a inadimplência em novembro caiu 0,1 ponto percentual, fechando em 6,1%. Segundo o Banco Central, iniciativas de educação financeira contribuíram para que essa taxa ficasse estável ao longo do ano, mostrando que, mesmo em um momento de crise no país, os brasileiros se esforçaram para pagar as contas em dia.