As vendas de varejo na cidade de São Paulo registraram uma queda de 8,7% em 2016, comparado com 2015. O levantamento é da Associação Comercial de São Paulo. Os dados são preliminares, mas já apontam para o pior desempenho do comércio desde o início do Plano Real, como explica o economista Emílio Alfieri, responsável pela pesquisa.
Sonora: “A queda média entre vendas a prazo e à vista de 8,7% é a pior desde 1994. Antes disso, em 2015, já havia uma queda de 8%, que era a pior. Também desde 94. Então, do Plano Real pra frente é a pior.”
O que o economista explica com números, Silvia Cristina, que é gerente de uma loja de tecidos, sente na pele, administrando o estoque parado.
Sonora: “Eu tenho mercadoria que está mais ou menos há três anos para ser vendida. Não foi remarcada e não foi vendida. E ainda tenho mercadoria cujo preço de varejo é 50% mais barato do que eu tenho no estoque pra vender.”
Eliane Moura, que é vendedora em uma loja de roupas de crianças sentiu no próprio bolso a queda, problema que ela atribui à instabilidade política.
Sonora: “Quem tem que segurou com medo do que ia haver. Quem perdeu foi a gente, lojista. E a comissão? Do ano passado pra esse, 10% a menos.”
Mas, para Emílio Alfieri, a economia começa a dar sinais de melhora, já que a queda foi maior no primeiro semestre do ano - chegou a 11,1% - que no segundo semestre, quando as quedas ficaram em 6,5%. Mas, para ele, ainda é preciso reduzir os juros. Ele aposta as fichas no Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros da economia, a Selic.
Sonora: “Daqui pra frente é tentar sair do buraco. Agora, isso vai ser necessário, pode ser que haja uma intensificação da queda da taxa Selic. Parece que é o que vai correr. Aquelas pequenas reduções de 0,25 foram apenas sinalizações. Agora em janeiro, vai ter mais uma reunião do Copom. e há um consenso que elas vão ser ampliadas (as quedas) e isso vai ajudar nas vendas a prazo, principalmente de bens duráveis.
Em novembro, o Copom reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Saiu de 14% ao ano para 13,75%. Em 2012, a taxa registrou o patamar mais baixo, 7,25%.