Os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2017, divulgados nesta sexta-feira (15), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram uma desigualdade gritante no país em vários níveis, entre regiões, de gênero, de raça ou cor.
Segundo as estatísticas, 42% das crianças brasileiras de 0 a 14 anos e 1/4 da população do Brasil estão na linha da pobreza, o que significa que sobrevivem com US$ 5,5 diários, segundo definição do Banco Mundial, ou cerca de R$ 387 mensais. A região Nordeste é a que concentra a maior parte dos pobres, com 43%.
Em 2016, o rendimento médio por pessoa, dos 20% dos domicílios com maiores rendimentos, em torno de R$ 4,5 mil, era 18 vezes maior do que o rendimento dos 20% dos domicílios mais pobres, com menores rendimentos por pessoa, em torno de R$ 243 mensais.
Os indicadores mostram também que, entre os 10% mais pobres, quase 80 % eram pretos ou pardos. E, entre os arranjos domiciliares na linha da pobreza, as mulheres sem cônjuge com filhos representam mais da metade.
Quando o recorte é feito em relação às mulheres negras, a desigualdade de gênero e raça combinados é ainda mais expressiva. A incidência de arranjos domiciliares na linha da pobreza entre as pretas e pardas é de 64%.
Outros dados revelam que o acesso à moradia digna é um grande gargalo da população brasileira. Mais de 11 milhões de brasileiros vivem em residência com adensamento excessivo, ou seja, mais de três pessoas por dormitório. E mais de 9 milhões de pessoas tem gastos com aluguel considerados excessivos, com valor igual ou superior a 30% da renda domiciliar mensal.
A síntese apresenta também as informações relativas à pobreza multidimensional, que mostram que quase 65% da população brasileira, tinham, em 2016, restrição a pelo menos uma de cinco dimensões: educação, proteção social, condições de moradia, serviços de saneamento básico e comunicação. Novamente as mulheres negras sem cônjuge, com filhos, são as mais atingidas: mais de 80% delas têm uma ou mais restrições.
O IBGE apresentou também indicadores sobre o mercado de trabalho e mobilidade educacional. E mais uma vez chama a atenção a desigualdade: as taxas de desocupação da população negra foram superiores às da população branca em todos os níveis de instrução.
As mulheres jovens tinham, em 2016, 1,7 vezes mais chances que os homens jovens de não serem estudantes e não estarem ocupadas. Quando se avalia o quesito raça, a diferença aumenta: uma jovem preta ou parda possuía 2,3 vezes mais chances do que um jovem branco de não estudar nem estar ocupada em 2016.
Entre 2012 e 2016, a desocupação de jovens com 16 a 29 anos foi a mais elevada entre os grupos etários, passando de 13% para 21% no último ano. Sobre mobilidade educacional, a síntese revela que apenas cerca de 5% dos filhos cujos pais não tinham instrução conseguiram concluir o ensino superior.