Trocando em Miúdo: Chegou a hora de dizer "Inté e axé" pra não mais voltar
Olá, prezada pessoa ouvinte cidadã.
Hoje, eu tenho uma coisa muito chata para contar para você. Depois de 10 e 3 meses de apresentação contínua, está na hora de dizer "Inté e axé" mesmo. E por causa de que, sô, este Trocando em Miúdo está saindo aí do seu ouvido, assim, tão no repente? Confesso. Estou alegre, mas triste por esta nossa separação. Antes, algumas lembranças marcantes.
Foram mais de 2.400 vezes nesta prosa direta. Tudo começou naquele dia 22 de outubro de 2007 quando eu, aos 60 anos de idade, voltei da sala de aula, em São Paulo, FIA, Bolsa de Valores, pós-graduação em economia para jornalistas. Derivativos. E me senti preparado para levar contigo, aqui nesta rádio, o lero antigo do economês traduzido para o popular. Bem longe daqueles palavrões todos.
Mas acontece que da primeira vez a gente nunca se esquece. Não é assim que se diz? Eu me lembro!
Prezada, pessoa ouvinte cidadã. Você aí me escutou, falou comigo tantas vezes, por carta, e-mail e, por isso, merece a minha maior gratidão. A primeira e a última. Está lembrado quando saiu o especial da doméstica e o tantão de dúvidas que respondemos aqui? Conversamos sobre o assunto com a doutora Clarice Dinelli.
E o montão de dúvidas que você mandou aqui para a gente, todo ano, na hora de preencher o Imposto de Renda? Pena que neste ano a gente não possa mais repetir. Por isso, repito. Estou alegre, mas estou triste, como acontece em toda despedida. Imposto de Renda. Aquele obrigado, analista tributário Francisco Pinto de Souza.
E o tanto de dúvidas e conselhos dados para o consumidor na hora da viagem de férias, da matrícula do filho na escola, do plano de saúde e muito mais, hein? Conservamos sobre esses assuntos com a Maria Inês Dolci, atual vice-presidente da Proteste – Associação de Consumidores.
Mais de 2.400 vezes nesta prosa direta entre esta voz e o seu ouvido. Tem gente como a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. que nos ajudou neste tempo todo. Ela nos fala desse novo campo na ciência econômica: a psicologia do consumo, da lida com o dinheiro.
Nossa. Foi tanta gente que conversou aqui, não é mesmo? Educador financeiro, profissional da contabilidade, economista, professores. Pessoas que nos levaram juntos a conseguir prêmios, como o Tim Lopes, como a série “Discriminação do Negro no Mercado de Trabalho”. Ouça aí um trechinho.
Olha só. Estou alegre, mas triste nesta nossa despedida. Mas numa boa. Por isso destaco o ouvinte. Você. A carta emocionante, tipo a mandada pela Marta Souza, São Felix do Xingu, Pará: “Gosto deste programa e por que? Você fala de um jeito que a gente entende. Quem ganha com isso é o ouvinte. E sempre é importante ouvir você, mas, em certa ocasião, nos chama mais a atenção.”
E aí? Não é para ficar triste e alegre nesta despedida? Pois então, sô. E agora, antes da partida, a carta do ouvinte Silvain Batista, Fazenda Tucumã, Almenara, Minas, uai. Diga lá. “Acho interessante o jeito como você apresenta este programa. Uma pena que é muito curto o tempo de duração. Mas como minha avó costumava dizer, tudo que é bom, dura pouco. Entendeu?”
Que é isso, gente. Entendi, uai. Hora de partir, continuar na vida, sim. Saindo alegre, porque numa hora boa, mas triste porque a gente se despede aqui. Antes, rapidinho, porque tem gente contando o tempo, mas nem hoje, a última vez em que a gente se encontra, eu posso falar um cadinho a mais? Brincadeira, né.
Nesse tempo todo, levamos elogios e puxão de orelha. Tipo esse, de uma chefe, bem levado, em 2014, bem no começo da Lava Jato. Diz ela, a chefa: “Mamcasz, sobre o Miúdo da Petrobrás. Precisamos ouvir o outro lado. Da forma como está parece um editorial. É aquela história que conversamos. Falta o link com a economia para o cidadão.”
Então, antes de me desligar, permita dividir o maior elogio, além do seu, ouvinte, que recebi nestes dez anos e pouco deste Trocando em Miúdo. Foi da nossa Ouvidoria. Aliás, anote aí o e-mail: ouvidoria@ebc.com.br Foi em outubro de 2015. Assinado, ouvidora Josetti Marques. Divido porque o elogio também é seu: “Este programa é um exemplo de como a adequação da linguagem é importante para garantir a comunicação efetiva com o público. Com uma apresentação de estilo mais coloquial e popular, o apresentador mostra como o cenário econômico atual impacta a vida do ouvinte.”
E aí, pessoa ouvinte? Estou alegre, mas triste. Ah, quase ia saindo sem dizer porque este nosso relacionamento está acabando. Simples. Acabo de entrar num PDV, Plano de Demissão Voluntária. Não quer dizer com isso que vou parar, botar o pijama, ficar na esquina, de jeito nenhum. Só porque acabo de completar 70 anos de vida com altos e baixos? Lógico de não. Saio gostando por demais do que fiz contigo até aqui. Pode me mandar um abraço, se for o caso, elogio ou bronca, para mamcasz@gmail.com
E mais não digo. Vontade de pedir desculpa. Vontade de dizer, por favor, me entenda. Mas uma só certeza. Muito, muito obrigado mesmo, prezada pessoa ouvinte cidadã. E agora, sim, lá vai o meu último: Inté e axé.
Fui. Ô dó…
Trocando em Miúdo: Quadro do programa "Em Conta", da Rádio Nacional da Amazônia. Aborda temas relacionados a economia e finanças, traduzidos para o cotidiano do cidadão. É distribuído em formato de programete, de segunda a sexta-feira, pela Radioagência Nacional. Acesse aqui as edições anteriores.
* Até o fim de fevereiro, você acompanha reprises do programa com Eduardo Mamcasz aqui na Radioagência Nacional