Pnad mostra que renda dos mais pobres caiu e mais ricos passaram a ganhar mais em 2018
O Brasil ficou mais desigual no ano passado, de acordo com o Suplemento sobre Rendimentos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada, nesta quarta-feira (16), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do rendimento médio mensal per capita ter subido de R$ 1.285 em 2017 para R$ 1.337, em 2018, a quantia caiu na base da pirâmide e subiu bastante no topo. Os 10% mais pobres passaram a viver com R$ 107 por mês em média, ao invés de R$ 109.
Já o rendimento das pessoas que estão entre os 1% mais ricos do país passou de R$15.055 para R$ 16.297.
Esse cálculo leva em conta todos os brasileiros, inclusive aqueles que não têm renda própria, como crianças. Mas a desigualdade cresceu ainda mais quando se considera apenas o rendimento proveniente de alguma forma de trabalho.
Neste caso, quem está entre os 30% mais pobres viu sua renda cair em média 1,1%, o que significa uma renda de, no máximo, R$ 951, menos do que um salário mínimo.
A gerente da pesquisa, Maria Lucia Vieira, disse que isso está relacionado com as mudanças ocorridas no mercado de trabalho nos últimos anos.
Alcides dos Santos Júnior trabalhava há quatro anos como recepcionista de uma clínica quando perdeu o emprego em 2017 e só conseguiu se recolocar, mas como estagiário, no final de 2018. Felizmente, a sua esposa estava empregada durante esse período.
Já a porção mais rica dos trabalhadores seguiu um caminho oposto e se tornou ainda mais rica, passando a receber, em média, R$ 27.744, 8,4% a mais do que em 2017.
Esse valor é quase 34 vezes a média dos rendimentos da metade mais pobre dos trabalhadores, que ficou em apenas R$ 820.
O IBGE também aponta diferenças regionais, com essa média variando de R$ 547 no Nordeste a até R$ 1.057, na região Sul.
A concentração de renda também apresentou piora e, em 2018, os 10% mais ricos da população concentraram mais de 40% de toda a massa de rendimentos dos país.
Já os 10% mais pobres tiveram acesso a apenas 0,8% desse total.
Como resultado, o coeficiente de Gini, indicador que mede a desigualdade, chegou a 0,509, no caso do rendimento de todos os trabalhos e a 0,545, com relação ao rendimento domiciliar per capita - ambos um recorde da série histórica.