O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou em fevereiro o maior patamar desde março de 2010, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O estudo, divulgado nesta quinta-feira, mostra que o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer atingiu 76,6% no mês passado, retomando o patamar de dezembro de 2021. Há um ano, a proporção de endividados era de 66,7%.
Sobre o cenário, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, disse em nota que a escalada dos juros, que encarece o crédito, dificulta a renegociação das dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos.
Para a economista da CNC responsável pela pesquisa, Isis Ferreira, o encarecimento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho devem seguir afetando a dinâmica do endividamento e da inadimplência dos consumidores, especialmente em ano de maior incerteza pelo processo eleitoral
Entre os indicadores de inadimplência, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de até dez salários mínimos atingiu o maior nível da série histórica para meses de fevereiro: 30,3%. Na parcela com maiores ganhos, o número também aumentou, chegando a 12,6%, o maior percentual desde abril de 2018.
O endividamento no cartão de crédito apresentou a primeira redução entre os endividados em 2022, mas continua como o principal tipo de dívida no país, representando 86,5% do total de famílias endividadas.