A pessoa que desempenha trabalho doméstico no Brasil é mulher, negra, na casa dos 40 anos de idade, com renda mensal abaixo de R$ 1000,00 e sem carteira assinada. Esse é o perfil traçado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita no ano passado pelo IBGE.
De acordo com o levantamento, o número de profissionais nesse setor diminuiu. Em 2021, o Brasil tinha 5,7 milhões de trabalhadores domésticos - uma redução de 8% na comparação com a pesquisa anterior, de 2019, quando eram mais de 6 milhões de pessoas.
As mulheres se mantiveram como grande maioria nesse tipo de trabalho. Tanto em 2019 quanto no ano passado, 92% das vagas eram ocupadas por elas. A idade média também ficou igual: 43 anos. E a proporção de mulheres negras não mudou: a cada três trabalhadoras domésticas, duas são negras, que, em média, recebem 20% menos que as não negras.
De 2019 para 2021, a informalidade no setor aumentou e os salários diminuíram. Três anos atrás, a média salarial era de R$ 1.016,00. No ano passado ficou em R$ 930,00. A quantidade de trabalhadoras domésticas sem carteira assinada aumentou de 73% para 76%.
Quem está nessa situação perde mais do que os direitos trabalhistas. Em média, quem tem emprego informal recebe 40% menos. A pesquisa indica que a média salarial sem carteira assinada é de R$ 802,00, enquanto quem tem carteira assinada recebe, em média, R$ 1.338,00 e garante os direitos previstos na CLT, como descanso semanal e férias remuneradas.