Com inflação acumulada em mais de 11%, no Brasil, os trabalhadores ainda estão tendo perda salarial, sem ganho real acima da inflação. É o que aponta o levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Entre todas as categorias trabalhistas analisadas, a média de reajuste salarial ficou negativa: menos 0,58%.
O sociólogo e responsável pelas análises das negociações coletivas no Dieese, Luís Ribeiro, explica que, considerando essa média entre os ganhos reais positivos e negativos, o trabalhador brasileiro está perdendo salário.
Na prática, para ser considerado aumento real, o salário precisa ser reajustado mais que o índice da inflação para que o trabalhador tenha poder de compra. Se o aumento salarial for apenas o valor da inflação, ou menor, não representa aumento real.
De acordo com o Dieese, o índice negativo apontado ainda é o melhor do período analisado. A última vez em que a média de reajustes salariais ficou positiva foi em setembro de 2020, quando o aumento foi de 0,1% acima do INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo IBGE.
Outro levantamento do Dieese mostrou que 37% das categorias trabalhistas conseguiram negociar reajustes salariais acima da inflação. Para o sociólogo Luís Ribeiro, os números ainda não são o ideal, mas representam uma melhora significativa, devido à questão regional e ao setor da indústria.
Por outro lado, 26% das categorias trabalhistas tiveram aumento salarial abaixo da inflação. Isso significa que o reajuste não alcançou o aumento nos preços dos alimentos, por exemplo.
Lembrando que o levantamento considerou as categorias com data-base no mês de junho. A data base é definida por empregadores e funcionários para discutir o reajuste anual do salário. O Dieese considerou as negociações já realizadas, mas outras ainda estão em andamento, o que pode alterar os números finais da análise.