Pesquisa do IBGE confirma prejuízos causados ao comércio por pandemia
No primeiro ano da pandemia de covid-19, o comércio brasileiro sofreu perdas recordes, com o fechamento de 7,4% dos estabelecimentos e queda de 4% na quantidade de pessoas ocupadas no setor.
Apenas em 2020, foram mais de 404 mil postos de trabalho perdidos, 90,4% deles no varejo. Já o atacado suavizou o desempenho negativo geral, após aumento de 2,2% na ocupação e de 1,3% no número de empresas naquele mesmo ano.
Os dados são da Pesquisa Anual do Comércio, divulgada nesta quarta-feira (17) pelo IBGE, mostram como o setor foi afetado pela crise sanitária e as medidas necessárias para conter a disseminação da covid-19.
De acordo com a gerente da pesquisa, Sintia Santana, apenas duas atividades varejistas criaram empregos: os hipermercados e supermercados e as lojas de produtos farmacêuticos, cosméticos e artigos médicos. Ambas foram consideradas serviços essenciais durante a pandemia, e tiveram autorização para funcionar com menos restrições. Além disso, acabaram bastante demandadas pelos consumidores.
No total, o Brasil tinha, em 2020, 1,3 milhão de empresas no setor de comércio, distribuídas por 1,5 milhão de unidades locais, incluindo atacado, varejo e venda de veículos, peças e motocicletas. Esses empreendimentos tiveram uma receita líquida de R$ 4,3 trilhões, R$ 300 bilhões a mais do que em 2019.
Após a redução nos postos de trabalho, o setor ocupou 9,8 milhões de pessoas, distribuindo cerca de R$ 241 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Mas, de 2019 para 2020, o valor médio mensal pago aos trabalhadores caiu de 1,9 para 1,8 salário mínimo, chegando a R$ 1.881.
A pesquisa também mostrou uma mudança regional. Pela primeira vez na série histórica, o Sudeste representou menos de 50% da receita bruta de revenda do país, alcançando 49,4% em 2020. Por outro lado, as regiões Centro-Oeste e Sul ganharam participação, de 0,8 e 1,5 ponto percentual.