A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil apresentou, nesta quarta-feira, balanço deste ano do setor e as perspectivas para 2023.
Segundo a entidade representativa do setor agrícola do Brasil, o ano fecha com um Valor Bruto de Produção com crescimento de 2,2% em relação ao ano passado, alcançando R$ 1,3 trilhão. No ramo agrícola, a receita foi mais positiva ainda que no geral: a receita subiu 3,3% em relação a 2021. Na pecuária, houve estabilidade, com aumento de 0,1%. Soja, milho e carne bovina representam 58,4% do valor total alcançado este ano.
Somente no mercado exterior, nos 11 primeiros meses de 2022, o agronegócio respondeu por 48% das vendas externas totais do Brasil. Apesar destes números, segundo a Confederação, este ano deverá fechar com queda de 4,1% no PIB do agro, depois de registrar recordes em 2020 e 2021.
Fatores como preços dos defensivos e fertilizantes, que em alguns casos subiram mais de 100% neste ano, redução de produtividade da soja, cana-de-açúcar e milho, muito por questões climáticas como o La Niña nos estados do Sul e enchentes no Nordeste, pressionaram o PIB do agro para baixo.
A perspectiva para o ano que vem são de números mais positivos, mas com muitos desafios. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil estima que Produto Interno Bruto do setor cresça até 2,5% em 2023 em relação a 2022. Mas aponta elementos que precisam ser contornados e solucionados no mercado interno e externo.
Na seara doméstica, a alta dos custos de produção na atividade, as incertezas sobre o controle das despesas públicas e a condução da política fiscal, que devem impactar os custos do setor agropecuário, sobretudo em questões tributárias.
Já na esfera internacional, a possibilidade de continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, que este ano já impactou na disponibilidade global de grãos e de insumos, além das previsões de desaceleração do PIB mundial podem influenciar o comportamento das exportações brasileiras do agro no próximo ano. Além das estimativas de queda de crescimento econômico de alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil, como China, Estados Unidos e União Europeia.
A perspectiva para a safra de grãos 2022/2023 é de um aumento de 15,5%, o que representa 42 milhões de toneladas a mais em relação ao período anterior, podendo chegar a 313 milhões de toneladas no total, segundo a CNA. O crescimento da área plantada e recuperação da produtividade da soja, após a seca impactar o Sul do país este ano, podem ajudar na concretização destes números.