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Economia

Manutenção de taxa de juros em 13,75% divide opiniões de especialistas

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Priscilla Mazenotti - Repórter da Rádio Nacional
23/03/2023 - 13:18
Brasília

Foi uma decisão esperada, mas acima do tom. Essa é a avaliação do economista André Roncaglia sobre a manutenção da taxa de juros pelo Copom. Para ele, um grau de rigor que preocupa. Ainda mais porque o governo já tinha tomado medidas concretas, segundo o economista, em favor do que chamou de “harmonização” entre a Fazenda e Banco Central, fazendo referência à reoneração dos combustíveis e a divulgação, nessa quarta-feira (22), do relatório bimestral fiscal prevendo redução no déficit fiscal.

"Um grau, assim, de rigor, no sentido de deixar a política monetária muito restritiva, como ela se encontra agora. Mas, mais do que isso, sinalizar a possibilidade de elevação futura da taxa de juros. A implicação de uma decisão como a de ontem, e desta sinalização, é agravar o processo de diminuição da atividade econômica - com todos os seus efeitos, sobre a sanidade financeira das empresas, que já vem passando por uma situação muito difícil aqui no Brasil. Mas, fundamentalmente, o meu receio é o efeito que isso vai ter sobre o mercado de trabalho, sobre o emprego das pessoas, e, principalmente, a capacidade de consumo das famílias".

Já entidades do setor produtivo e de serviços analisam com posições diferentes a medida do Copom. Enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia como "equivocada" a manutenção do juros, o que traria custos adicionais para a atividade econômica, a Fecomércio de São Paulo entende como uma decisão acertada, como destacou Guilherme Dietze, assessor econômico da Federação.

"A decisão do Copom de manter a taxa de juros nos 13,75% foi acertada. Foi marcada pela cautela, pela prudência. Isso porque, embora o Brasil esteja com crescimento abaixo do esperado, muito fraco do que todos gostaríamos para geração de emprego e renda, a inflação, por outro lado, está bem acelerada".

É preciso explicar que a Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo IPCA. Essa foi a quinta vez seguida em que o BC não mexeu na taxa, que permanece em 13,75% desde agosto de 2022.

 

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